Thursday, September 15, 2022

despachada: The Americans


Antes de entrar muito na série, que tem sido o nosso embaço regular dos últimos tempos, um disclaimer: está muito bem feita e é, efectivamente boa. Independentemente do que eu possa dizer neste post. Ganhou prémios e adulação merecida. É inteligente e bem trabalhada, com uma data de detalhes que podem parecer estranhos, mas estou certo que terão acontecido na época.

Posto isto...

A parte relacional é demasiado preponderante, face à parte da espionagem. Dando um exemplo: os dois acabam de sobreviver a uma explosão num quarto de hotel, enquanto procuravam parar/matar um assassino profissional. A primeira coisa que dizem um ao outro, ao chegar ao carro, não pode ser sobre a relação matrimonial. Ou então, se a parte familiar é assim tão importante, vamos mais longe: como é que esta gente tem tempo para tudo? Trabalho, serem pais, cozinhar, compras... E limpezas? Não os vi a limpar a casa enorme que tinham uma única vez. Limpar a sala. Uma vez que seja!

Depois, há várias formas de mostrar qual o ambiente numa cena. Iluminação, ângulo dos planos, filtros, cenários ou, como artifício principal, a música. Nesta série usaram um truque diferente. Sempre que as coisas não estavam bem, o cabelo do personagem masculino principal ficava completamente desgovernado. Vimos quase duas temporadas inteiras em que o personagem passa por uma depressão e sabemos disso porque deixou de pentear-se.

No final (que pareceu despachado, como se o canal só tivesse renovado por mais um última temporada e tiveram de resolver tudo à pressa), com seis temporadas dum agente do FBI a viver ao lado de espiões russos, o que o fez suspeitar deles foi uma descrição dum informante, da personagem feminina principal, como tendo cabelo bonito e que fumava. Eram os anos 80! Toda a gente tinha um cabelo espampanante e fumava! Admira-me que não tenha suspeitado dos Flock Of Seagulls.

Estas foram algumas coisas com que fui embirrando, ao longo do visionamento. Eram detalhes que obrigavam-me a tomar notas enquanto via os episódios. E mais houve, que não apontei. A começar com os personagens russos serem interpretados por actores péssimos, pois o importante era saberem falar russo. Do alto da minha «chico espertice», de gajo que já viu anos de filmes e séries, uma data deles de espionagem ou apenas e só deste período da Guerra Fria (Wolverines!), achei eu que sabia mais do que os tipos que escreveram e estudaram sobre este período em que espiões russos viveram nos EUA fingindo ser Americanos. «Os agentes não tinham missões todas as semanas, senão eram apanhados facilmente!», pensava eu, que sou tão inteligente. (inserir aqui smiley que bate com a palma da mão na testa) A situação é exagerada. Claro. É uma série. Há dois personagens principais que o espectador gosta. Estamos investidos na vida destes personagens e não doutros. Se estiverem a mudar sempre de actores não vamos gostar. E não é comportável em termos de orçamento. Os dois principais têm de fazer tudo, sempre. Tenho é de «comer e calar». Não foi fácil, mas aqui o problema é meu, que não sei apreciar as coisas só por si. Tenho sempre de achar que sei mais que os outros.

A conclusão final - que já vem tarde - é que gostei da série. Pode não parecer, mas isto sou só eu a ser o habitual idiota. Gostei da série. Se voltasse atrás, o que mudaria seria a minha atitude, pois veria novamente. Com gosto. Acontece que esperava outra coisa, mais de espionagem do que novela. E daí que tenha custado a desligar a parte parva do cérebro. E porque sou uma besta.

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