Monday, December 30, 2019

despachada: The Man in the High Castle


A premissa é incrível. É o que tornou esta história tão famosa e apetecível de adaptar. E funcionou. Funcionou muito, mas muito bem. A primeira temporada é óptima e agarra, apesar de confusa e inverosímel.

Para quem não sabe, em TMitHC os nazis ganharam a Segunda Grande Guerra. Têm controlo sobre a Europa, mas não só. Dividem os EUA com os Japoneses. Têm o lado Este, enquanto que os nipónicos controlam o lado Oeste. No meio está uma zona meio destruída e perdida, onde vivem os «fora-da-lei» e uma espécie de resistência possível.

Esta não é a parte inverosímel, porque por muito que não o queiramos aceitar, o certo é que era possível terem ganho a Guerra. O mundo podia ser radicalmente diferente do que é hoje em dia. Mas isso seria o «normal» desse mundo, o vivermos sob um regime fascista. A parte verdadeiramente estranha desta história é que a dita resistência tem em sua posse um filme duma realidade paralela. Uma realidade, para eles, «anormal», onde os Aliados ganharam a Guerra. É um mundo onde, para muitos, vive-se melhor. Para pessoas dos dois lados. Porque até Japoneses e para alguns nazis, essa realidade é vista como algo a almejar.

Com esta arma, muitas mais pessoas começam a acreditar num «normal» diferente. E uma pequena resistência torna-se em algo mais, algo maior... dentro do possível.

É delicioso ver as possibilidades desta realidade paralela. Como coisas simples seriam completamente diferentes. Zepelins continuam muito mais presentes, por exemplo. E, até certo ponto, a séria foi muito bem conseguida. Só que, como acontece demasiadas vezes, esticaram a coisa até à exaustão.

O final é «tirado a ferros», com uma última temporada sofrível, apresentando muito pouco que faltasse contar. O enfoque, de repente, é dado à comunidade «afro-americana». Até então não existiam. No final têm um protagonismo gigante. Atenção que não critico a existência destes personagens neste ou em qualquer contexto. São uma parte da população. Porque haveriam de desaparecer só por causa do regime nazi imposto? A inclusão foi forçada pelo contexto mundial actual. Foi o que deveria ser feito, mas muito tarde. Tarde demais.

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