Saturday, August 15, 2020

despachada: Marvel's Agents of S.H.I.E.L.D.



A série que me fez pousar o telemóvel.

Todos nós temos esse hábito, hoje em dia. Já não chega a distração que a TV providencia. Para além de algo que se passa no ecrã maior, temos ainda de alimentar a nossa necessidade de mais estímulos com o ecrã pequeno. Comigo o vício começou quando precisei de desligar o cérebro a 100%. Ver um filme ou uma série deixou de ser suficiente. Havia sempre uma vozinha lá atrás a lembrar do que é preciso fazer, ou de tudo o que correu mal naquele dia/semana/mês/ano/década. Precisei de jogar jogos enquanto via coisas. Às tantas deixou de ser uma necessidade (melhores fases da vida, suponho), mas o hábito estava criado. Tento combater a coisa. Cada vez mais. E acho que tudo começou com Agents.

Agents surge no fim da fase 1 dos filmes da Marvel. Pegam no Coulson, trazem-no de volta à vida, e montam uma série à volta dele e da S.H.I.E.L.D. No fundo decidiram fazer uma espécie de extensão para o que já era o Coulson nos filmes: uma ligação entre vários elementos, para além de levar o espectador a assistir a algumas origens. Nada disto entusiasmava-me por aí além. Gostei de Coulson nos filmes, sim, mas a sua morte tinha servido um propósito. Para mais, nunca fui fã das histórias de espionagem e afins da agência. Não haveria muito para mim em Agents, mas eu sou uma p#t@ da Marvel. Tenho de ver tudo, ?

A primeira temporada é um pouco enfadonha, até que levam ao twist que, ainda por cima, estava interligado com o Winter Soldier. OK OK. Se vão meter os filmes ao barulho, estou nessa. Foi fogo de vista. A ligação entre TV e cinema tornou-se cada vez mais ténue. E toda a trama da série era muito light. Até que...

Lembro-me perfeitamente. Skye passou a ser uma agente a série, e não só uma sidekick engraçada. E passou a arrear porrada. Estava eu deitado no sofá, com o jogo de todos os momentos parados no telemóvel, e dá uma sequência da Skye a derreter uma pandilha de gandulos, num laboratório pouco iluminado. Uma cena sequencial, com a câmara muito perto, com acção da boa.

Pousei o telemóvel e apenas estava focado na série, naquele episódio. A vozinha estava calada, provavelmente de boca aberta.

A partir daí comecei a apregoar a série a quem queria ouvir (quase ninguém) e a alguns que não queriam (quase todos). Tornei-me algo irritante. Mas as histórias só subiam de tom. Foi universos alternativos com a Hydra a mandar, futuros pós-apocalípticos, fim do mundo a cada virar de esquina. Tudo seguido. Tudo quase sem respirar.

Foi muito bom. Sempre que havia novo episódio tinha de ver. E quando soube que ia acabar, porque tudo o que está fora da supervisão de Feige tem de acabar ou voltar à casa mãe... Foi um momento triste.

Muito do que foi feito para TV foi uma porcaria. Quase tudo, em boa verdade. Mas Agents e Carter, as que saíram directas dos filmes, essas séries foram boas. Não sei como Agents sobreviveu. Carter não teve tanta sorte. Suponho que tenha sido apenas graças ao sucesso dos filmes. Mas ainda bem que sobreviveu, porque ajudou-me a começar a combater maus vícios e fez-me vibrar com uma série, algo que não acontecia há algum tempo, neste mundo de consumo exagerado em que vivemos.

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