Sunday, April 6, 2014

despachada: Raising Hope


No início do mês passei o meu habitual período a «analisar» a temporada televisiva. A ver o que foi renovado, o que foi cancelado, o que para aí vem na próxima. O objectivo destes posts é dar conta das séries que «despachei», vendo todos os episódio de forma abrupta, ou ao longo do tempo. É mais comum ser no segundo ritmo. As piores chegam a arrastar-se durante demasiados meses.

Depois há o outro momento. Aquele em que descubro que uma série que andava a  ver foi cancelada ou terminou e, como tal, «despachei-a». Quando sei que terminam, acabo por fazer o post logo após o último episódio dar. Normalmente. Agora, quando são assim canceladas do nada... acaba por passar algum tempo. Vão surgir  uns quantos post dos vários tipos. Começou-se com algumas canceladas de surpresa. Outras que tinha para ver e descobri que foram canceladas, logo fui despachar a meia dúzia de episódios de existência que acabaram por ter. Entretanto ganhei-lhe o gosto e no último mês tenho andado a varrer o lixo que tinha aqui pendurado pelos discos. Os restos das tais séries que custou ver mas que, por teimosia, fui até ao fim.

Comecemos por Raising Hope, o parente pobre das séries deste criadores. Estranhamente é a que teve mais hipóteses de durabilidade. Começou bem, forte, com um elenco divertido e uma premissa que poderia trazer muitas surpresas. Depois os personagens desenvolveram ao ponto de estar tudo bem e acabou por deixar de ter desafios. As tontices permaneceram e teve momentos engraçados até ao final. Mas deixou de haver enredo. Estava tudo resolvido. Como tal, as audiências baixaram. Deixou de haver algo para ver. A série foi-se aguentando até ao fim, muito pelo sucesso inicial, mas ao ser empurrado para as noites de sexta, o fim era mais que previsível.

Saturday, April 5, 2014

despachada: How I Met our Mother


Chiça! Foi quase impossível escolher a imagem do post, como é que vou escrever o texto? Não que a imagem seja perfeita. Simplesmente cansei-me e ficou a que representa a minha maior inveja por este grupo: o bar.

Há oito anos, mais ou menos, o L. recomendou-me a série. Toda uma temporada tinha passado e eu não conhecia HIMyM. Devorei-a no fim-de-semana, na terrinha. Eram outros tempos. Tinha outras liberdades. Terminado o primeiro visionamento, recomendei aos mais chegados e revi com a pessoa mais próxima, na altura. A partir daí, a par do Lost, será a série que mais discuti com pessoas. Por muito estranho que possa parecer, as duas séries tinham um ponto em comum: um final que toda a gente queria ver. E, como tal, deu azo a muita discussão.

«devia acabar»
«não deve acabar»
«esta é a melhor, esta é a mãe»
«espero que esta não seja a mãe, odeio esta»
«o Barney devia ser a mãe»

Isto para não falar na mega discussão de com quem devia ficar a Robin. E pior, a discussão de «esta é que é a mãe?!», logo a seguir a ter aparecido uma pobre rapariga durante 10 segundos.

Apaixonei-me por HIMyM no episódio do ananás. Voltei a vê-lo uma ou duas vezes. Continuo a amar o episódio. Acho que vou amá-lo para sempre. Poderá mesmo ser o amor da minha vida.

O episódio da slap bet tem tudo. Tive que o rever, algum tempo depois, para perceber tudo o que estava naqueles singelos 20 minutos. Na minha cabeça era história para encher três ou quatro episódios. E lembro-me perfeitamente da primeira vez que o vi. Lembro-me onde estava, com quem estava. Lembro-me de ter sido memorável. Lembro-me de rir, de ficar surpreendido e encantado. Foi um dos melhores momentos televisivos que vi. Mais que não seja porque terminou com, ou pelo menos envolveu, um portentoso estalo entre amigos.

Apaixonei-me pela Victoria e delirei quando voltou. Odiei o Ted por não ter ido com ela e até por tê-la trocado pela Robin, durante um segundo. Sabia que não podia ser a mãe, mas sempre foi a minha favorita. Mesmo quando a trouxeram de volta para a destruir, como trouxeram todas as possibilidades que houve ao longo de nove anos. Destruíram uma atrás da outra, só para que não houvesse um espectador no final a dizer: «a mãe devia ter sido a bla bla». (Acho que ninguém no seu perfeito juízo diria isto, mas serviu o exemplo.)

Independentemente de gostos pessoais, HIMyM marca uma geração, uma época e marca ainda a televisão. Porque numa altura que os canais iam começar a desistir das sitcoms, esta série mostrou que as pessoas ainda queriam o humor com riso em lata. Com ela vieram mais, E assim salvou-se um género.

HIMyM esteve para morrer um par de vezes. Daí algumas soluções bruscas que se assistiram. Há muita gente (eu inclusive) que dirá que teve uma temporada a mais. Alguns dirão duas ou três. Tive períodos em que cheguei a odiar a série, querendo que acabasse.

Então porque estou triste como tudo, sabendo que nunca mais vou ver um episódio novo? Porque por muito que tenham havido momentos em que odiei, houve muitos mais em que amei, de forma completa e absoluta. Os bons momentos suplantaram em muitos os piores.


HIMyM acompanhou-me por uma data de coisas. E se houve esses momentos de ódio em que passava dias esquecendo-me de ver um episódio, na grande maioria via assim que saíam. E revia. E revi. E revia... E sei que vou rever, muitas e muitas vezes. A minha vontade é voltar a ver tudo outra vez. Já. Todas as temporadas de seguida. Para apanhar os penteados da Lily. Para ver os vários fatos do Barney. Para ver a evolução das personagens. Para ver os erros de história. Para recordar pequenos detalhes entretanto esquecidos.

Mas os tempos não são outros. E as liberdades muito menos.
Vai acontecer, só não agora.

Custa-me «despachar» esta série, como provavelmente mais nenhuma custará.

It was indeed legen... wait for it...