Tuesday, February 28, 2023

filme do mês: Fevereiro '23

Consegui ver menos filmes que em Janeiro. Ser um mês com menos dias não é justificação. Passará por andar meio desiludido com Hollywood, por não haver assim tanta coisa que queira efectivamente ver, mas se calhar mais por andarmos preocupados com outras coisas. Coisas essas que vão acontecer em Março e mudarão a dinâmica de... Tudo! Não só de ver filmes.

É verdade, verei menos coisas estes próximos meses. Sem dúvida. E assusta-me. Porque se não vejo filmes e séries, quem sou eu?

De qualquer modos, vi umas coisitas bem boas e recomendáveis: Dorosute No Hate De Bokura, Galaxy Quest, Strange World e Knock at the Cabin. Destaque maior para Plane, o primeiro «blockbuster» do ano.

Saturday, February 18, 2023

despachada: The First Team


Olha, alguém tentou fazer outro Ted Lasso!

Não foi bem um «alguém» qualquer. First Team é criado pela malta que fez o Inbetweeners, série com algum sucesso (merecido), de que gosto bastante. Porque não funcionou? Porque futebol não tem assim tanta piada. Porque se não tiveres tipos mega engraçados e personagens que toda a gente adora (football is life, à cabeça) ninguém consegue identificar-se com jogadores de futebol, com o universo de futebol. Adeptos não querem rir-se com o desporto, ou a personificação engraçada do desporto. E malta que não gosta de bola não tem interesse em ver uma série sobre bola, por muita piada que tenha. Novamente, Ted Lasso é uma excepção. A série tem sucesso pelo brilhantismo de Sudeikis e amigos, para além de que é muito mais do que uma série sobre futebol.

First Team é o mesmo registo de Inbetweeners. Mas, enquanto todos fomos adolescentes de liceu, cheios de hormonas aos saltos, ninguém frequentou um balnerário de clube de topo de futebol.

despachada: Reboot


Uma das primeiras tentativas falhadas desta época. E tenho pena, porque o elenco é divertido o suficiente para fazer algo de jeito, se lhes fosse dada a possibilidade. Mas mais do que discutir os méritos ou deméritos de Reboot, não consigo deixar de pensar na mudança de paradigma, e a demorada adaptação a esta, que ainda trará muitas mais «vítimas» de cancelamentos precoces.

Reboot tinha Keegan-Michael Key, Judy Greer e Paul Reiser como os nomes mais sonantes, mais Knoxville e Rachel Bloom para apelar a nichos. Há ainda meia dúzia de malta talentosa, que ajuda e muito a dar profundidade a qualquer elenco. É uma série criada por Steve Levitan, que vem do sucesso tremendo que foi Modern Family. A série é lançada na plataforma Hulu, que permite-lhes ter uma série mais adulta, capaz de dar mais do que apenas umas risadas em família. E permite ainda chegar a muita gente, através de Hulu nos states e Disney+ na Europa e afins. Tem tudo para correr bem, certo? Errado.

Porquê? Bem, no meu entender passa por números. Levitan elevou a fasquia com Modern Family. Qualquer estúdio ou canal está à espera que traga um número elevado de espectadores, só porque é ele. Logo, o número do seu salário será elevado. Assim como os salários de alguns membros do elenco. A Reiser precisam de convencê-lo para tirar o cu do sofá. Como o seu personagem diz na série, é «demasiado velho e demasiado rico» para fazer certas coisas. Mas voltando às audiências, começa a ser cada vez mais difícil chegar aos «bons» números de outrora. E atenção que falamos apenas de audiências dos Estados Unidos. Continuam a ser apenas essas que interessam. Não estou a ver nenhum estúdio a querer continuar uma série só porque tem sucesso na Europa e/ou na América Latina, por exemplo. Dantes havia menos canais, menos alternativas e muito, mas muito menos séries. A atenção agora é super dividida. Não há seis séries com dez milhões de espectadores cada. Há 120 com meio milhão cada.

E mais, dantes víamos o que dava na TV. Todas as várias coisas. Hoje em dia vemos uma série inteira em exclusivo. Temporadas após temporadas, tudo de enfiada. Eu, que vejo muita (demasiada?) coisa, ainda há uns tempos pus-me a ver Americans e pouco mais vi para além disso. A forma de ver conteúdos mudou. Ou, pelo menos, está a mudar. A forma de criar conteúdos é que ainda não se adaptou. Especialmente a mentalidade desta malta, que acha que lançar uma série em serviço de streaming é o mesmo do que lançar num canal de TV. Claro que acontece haver um visionamento semanal com fenómenos pontuais. É complicado não ver todas as semanas os novos episódios de House of the Dragon ou Last of Us, dando exemplos da HBO. Ou ver tudo num fim-de-semana de Stranger Things. Porque, mais que não seja, a Internet e a malta no escritório não falam doutra coisa. Mas ninguém tem a necessidade de ver semana a semana Reboot. Isto é a série que começamos a ver quando procuramos algo para preencher os espaços da semana. Vemos dois ou três episódios numa noite e, se calhar, depois passamos o resto da semana sem ver nada. Vemos com gosto, atenção. Só não há é urgência. 

Para que séries como Reboot vivam algum tempo (ênfase no «algum» e não na eternidade que foi Modern Family, por exemplo), é preciso mudar a mentalidade. As séries têm de ser vistas como criação de catálogo. Para que um utilizador, ao procurar um serviço de streaming, seja convencido pelas várias opções disponíveis. É isto que fará um serviço de streaming ser bom, e não apenas ter a série da moda desta semana.

Wednesday, February 15, 2023

despachada: Paper Girls


A carreira de Brian K. Vaughan na televisão não faz qualquer sentido.

O homem tem três facetas, que reconheço-lhe. Duas delas na TV. A outra, onde é um consagrado e escreveu algumas das melhores histórias das últimas décadas, é a banda desenhada. Neste meio, o homem é rei e senhor. Criou personagens novos dentro de universos estabelecidos (nos tempos recentes é mais difícil do que parece) e cada novo livro que cria é imediatamente seguido por uma legião de fãs. Na televisão, por um lado também tem algum sucesso, embora não tenha muitos créditos associados ao seu nome. Desenvolveu o Under the Dome que, não tendo sido brilhante, teve ali algum mediatismo no início. Escreveu ainda alguns episódios para um pequeno fenómeno televisivo chamado Lost. Alguém conhece?

Depois há a faceta que não percebo. Acho mesmo que nunca perceberei, por muito que viva 1000 anos. A de criador que fica a ver outras pessoas destruírem completamente as suas histórias. Porquê?! Já são três exemplos de séries criadas com base nas histórias de Vaughan, que são desenvolvidas e escritas por outras pessoas, com resultados desastrosos! A primeira foi Runaways, baseada numa BD da Marvel, mas que não foi desenvolvida pela máquina MCU. Foi feito por um qualquer canal de TV, que adquiriu os direitos. É possível que  ainda estivesse a dar, não fosse a máquina MCU ter acabado com projectos paralelos. Eu comecei a ver Runaways. Eu adorei a BD. Lá está, personagens novos num universo estabelecido. Foi refrescante. Foi excitante. Runaways tem tudo o que se quer. Na BD. A série de TV é a confusão estereotipada das novelas norte-americanas. Tudo ao mesmo tempo. Tudo a mudar de episódio para episódio. Vilões e heróis a mudarem de papéis ao sabor do vento. Uma salgalhada. Desisti de ver porque tinha muito pouco a ver com o material de origem. Depois veio Y: The Last Man, que teve dificuldades por causa do timing da coisa, mas que sofreu também do mesmo problema. Alterações desnecessárias à história original. Foi cancelada. Seguiu-se pouco depois este Paper Girls, exactamente com o mesmo resultado. Foi cancelada a meio da primeira temporada.

Porquê?

Não o cancelamento, atenção. Percebo perfeitamente o cancelamento de qualquer uma destas séries. São péssimas. A minha pergunta é: porque mudam tanto a história? Ajuda em quê? O que faz, logo à cabeça, é alienar os fãs. Uma série, ao basear-se num material original conhecido e respeitado, tem logo à cabeça um grupo de fãs absolutos. Se mudas a história perdes quem estava à espera anos para ver. Os que iriam publicitar e defender a série de todos os que estivessem numa de armar brigas. Não só os perdes, como ganhas logo um grupo de haters. E estes vão afugentar quem até poderia gostar da nova história. Porque é isso que estão a criar. Uma nova história com um nome conhecido. É enganador. Para quê? Para quê criar uma nova história que muitos vão logo odiar, que não terá garantias nenhumas de que alguém novo possa vir a gostar?

Eu percebo a questão de ter de adaptar um género a outro. A sério que percebo. Há coisas que funcionam na BD e não fazem qualquer sentido em série ou filme. O oposto é igual. Tudo tem a sua forma no local certo. A sério que percebo tudo isso. E sim, como disse no post do Last Man, são personagens femininas que precisam de ser trabalhadas (entenda-se: escritas por mulheres). O mesmo passa-se aqui. As miúdas adolescentes em Paper Girls (a BD) são demasiado parecidas a qualquer outro personagem adolescente escrito por um homem branco de 40 anos. Logo, precisavam de ser melhoradas. Precisavam de ter mais profundidade. E acedo ainda que as histórias de Vaughan na BD são demasiado esquisitas para mainstream televisivo. Posto isto...

Porque é que mudaram tuuuuuuuuuuuuudo do início da história original? Porque é que andaram mais focados no sonho de nos vermos a nós próprios no futuro e vice versa, e não se preocuparam de todo com o desenrolar original da história. Isto é uma história de ficção científica misturado com nostalgia, com o bónus de que não tem os mesmos rapazes branquelas como principais! Não é uma sessão de psiquiatria para resolver os traumas de infância duma equipa de escritores de televisão!! Sim, uma delas conhecer-se no futuro e ficar desiludida é importante para a história. E todas podiam e iam passar por isso. Mas tem de ser nos primeiros episódios?! Tem de ser da mesma forma? Não se pode estender por três ou quatro temporadas?!?! F0d@-s€, mas isto é assim tão difícil de perceber?!

Meus caros, isto não é complicado. Querem fazer uma série de sucesso? Um passo que ajuda é adaptar algo bem sucedido por si só. Mais uma vez, é garantir público logo à cabeça. Passo seguinte: não f0d€r o conteúdo original! A BD é um storyboard já feito para uma série!! Alguém fez o trabalho por vocês! É só replicar o 2D em 3D. Passar do papel para a tela. É o mais fácil que pode haver. E caso achem que estou a ser simplista, basta olhar para um caso de sucesso recente.

Last of Us está ter bastante sucesso. É uma série baseada num videojogo! Nem sequer há muita história. É um shoot 'em up de zombies. O jogo é andar aos tiros. Só. Logo, foi preciso desenvolver história para a série. Até agora mal vimos zombies na série, em boa verdade. Tem sido só conversa. Só drama.

E...
MESMO ASSIM...
OS CRIADORES DA SÉRIE METERAM CENAS INTEIRAS DO JOGO NA SÉRIE! FALAS INTEIRAS! CENAS IGUAIS! FALA POR FALA, PLANO POR PLANO!!

Sim, estou muito chateado com isto. Porque é por demais absurdo. Uma série de TV, baseada num jogo, tem mais do conteúdo original do que uma série baseada numa banda desenhada. Isto faz algum sentido? A sério. Por favor, alguém que me explique como é que isto é possível. Tu, Vaughan, por favor explica-me como é que deixas isto acontecer? É só o dinheiro? Não estás para chatear-te? A sério que preferes deixar as tuas histórias nas mãos de gente idiota?

Estou maluco com isto.

Monday, February 13, 2023

despachada: Dead to Me


Esta série tem duas referências que me são próximas. Conheço Applegate não desde o início, mas com uma série que achei muita piada em miúdo: Jesse. Cardellini conheço-lhe o primeiro grande papel, no famigerado Freaks and Geeks, a eterna série que aparece em todas as boas listas de séries canceladas cedo demais. Para além da nostalgia, ambas têm talento e este é mostrado na totalidade em Dead to Me. São papéis de carreira, disso não haja dúvidas.

Sobre a série em si, acho-a boa. Não sinto que seja o que lhe pintam, mas muito porque a terceira temporada, para mim, não esteve ao nível das anteriores. A premissa é boa. O desenrolar nas duas primeiras temporadas é óptimo. A terceira surge depois de vários problemas, com COVID estando à cabeça, passando pelo péssimo critério editorial da Netflix (só não cancelou depois da segunda por acaso, parece-me), e terminando com o problema de saúde grave da Applegate. A verdade é que tudo roça demasiado o ridículo na terceira. Se seria justificável ambas as personagens terem-se safado dos seus crimes nas primeiras temporadas, na terceira é por demais evidente que teriam de ser presas. Mais que não seja porque ambas confessaram crimes à polícia.

Que não se pense que a minha opinião é maioritariamente negativa. A série é boa e recomendável, para quem gosta do género. Há muito talento aqui metido e não é por causa duma temporada que o resto deve ser posto em causa. Convenhamos que isto está longe de ser um caso tão grave como Game of Thrones ou Lost, atenção. Refiro-o mais porque foi o último que vi da série. É o que está mais presente. De qualquer modo, a conclusão final é que foi bom ter visto Dead to Me. E a verdadeira pena que tenho é que não veremos novo conteúdo com Applegate. Isso sim, é de lamentar.

Saturday, February 11, 2023

despachada: Avenue 5


Para choque de ninguém, Avenue 5 foi cancelado.

O projecto era interessante. O elenco muito bom. A premissa gira. A execução deixou a desejar, como é apanágio nestas coisas. Em especial a primeira temporada, onde demasiados momentos que deveriam ser engraçados simplesmente não eram. A segunda foi melhor, na minha opinião, mas talvez muito porque as expectativas eram baixas. De qualquer modo, sinto que as personagens estavam mais cimentadas e determinados pormenores irritantes foram eliminados. Contudo, não foi suficiente.

O nível de exigência era elevado. Houve aposta na série. O elenco não deveria ser barato, mais efeitos, cenários, etc. A primeira temporada não foi brilhante, o que levou a muitos «rumores» que provavelmente não haveria segunda, ou que seria a última. Aliás, o que li mais é que a intenção dos executivos era para que a segunda fosse efectivamente a última. Algo que os criadores decidiram ignorar, por algum motivo. Assim, temos apenas duas temporadas incompletas duma... cena, que não teve um final digno desse nome.

Mais um projecto falhado, de entre muitos. Este falhanço pareceu-me evitável, confesso. Havia mais que condições para fazer algo de jeito.