Friday, January 31, 2020

filme do mês: Janeiro '20




Foi um mês peculiar. Não foi um mau número de visionamentos, mas nem todos eles bons, embora não tenha visto muita coisa «má». Faltou-me direcção, objectivos ou estrutura, suponho. Fiquei mal habituado o ano passado, pelos vistos.

Vi grandes séries este mês, no entanto.

Com o devido respeito a The Farewell ou Where'd you go, Bernadette, mas o filme do mês é o divertido Little Monsters.

despachada: BoJack Horseman


Mais uma boa série a terminar, a abandonar-nos.

Tenho uma relação muito particular com BoJack. Em especial com o genérico. É genial, comecemos por aí. Mas, não sei porquê, houve momentos em que provocou-me total angústia. Dava-se um aperto no estômago, quando acontecia ver vários episódios de seguida. E essa sensação passava para os episódios.

Não consigo explicar muito bem porquê. O mais próximo que consigo chegar duma possível justificação é o personagem, a maneira como o via. Creio que provocava-me angústia ver alguém desperdiçar tamanho talento, desperdiçar uma boa vida, com problemas parvos. Pensava - inconscientemente, entenda-se - estas coisas mais no início. Porque para o final da série tínhamos muito mais informação sobre o personagem e os motivos porque fazia as coisas idiotas que fazia. A situação familiar... Bem, só visto.

Há muitos momentos de absoluta genialidade em BoJack, uma série que não é a típica série de animação que se possa pensar. Mas tenho que destacar o episódio do funeral. Aquele discurso... Que coisa deliciosa.

despachada: The Good Place


Os tempos modernos das séries de TV (e de serviços de streaming) trouxeram-nos uma coisa maravilhosa. Para além de histórias de qualidade, entenda-se. Hoje em dia já não há muitos cancelamentos estúpidos, que deixam histórias a meio. Por norma os canais (e serviços de streaming) agora procuram fechar projectos. Ponderam, quase sempre ajuizadamente, e avisam qual será a última temporada.

Foi o caso de Good Place. Vi o anúncio. Fiquei triste, porque gostei da série. Mas tive tempo para mentalizar-me que ia terminar. E, assim, os criadores tiveram também eles tempo para planear o encerramento desta fantasia, em que um grupo improvável de humanos decide o destino da humanidade no pós-vivência.

Muito se andou aos tropeções, ao longo das várias temporadas. Houve momentos que pouco sentido fez. Apesar da minha apreciação geral, não tenho como fechar os olhos a algumas incongruências. Independentemente disso, Good Place tinha um elenco novo, talentoso, multifacetado, que brincou com muitos chavões, mas também trouxe uma doçura que não se encontra em qualquer série. Tudo isto com o prazer acrescido de ver Ted Danson, uma vez mais.

Fechou-se o projecto de forma sentida, como tinha de ser. Foi bom de ver.

Thursday, January 30, 2020

despachada: Years and Years


Excelente mini-série da HBO. Mais uma, como se espera do canal.

Em Years and Years temos um futuro não tão distante, com uma data de coisas assustadoras, todas elas bastante presentes. O mediatismo político ridículo que temos. Que merecemos, na minha opinião. Por exemplo. Mas também as novas relações com a tecnologia e entre pessoas, que assistimos todos os dias, parece. YaY tem um pouco de tudo que nos assusta nos tempos que correm... até mudarmos de canal para ver a próxima tragédia.

E não é só isso. Há também uma parte que tenho dito muito, ultimamente. A única coisa que me leva a não acordar todas as noites com suores frios. Porque apesar de todas as tragédias que «assistimos» diaramente na vida real, o ser humano é perseverante. Arranjamos forma de adaptarmo-nos ao novo status quo. Não é uma vantagem a 100%, mas entendo ser uma grande vantagem, mesmo assim.

Última nota para os finais de cada episódio. Todos eles marcantes, chocantes, a deixar-nos à beira do assento, a roer unhas e a arrancar cabelos só de ouvir o raio da música da série. Menos o final da bicicleta. Esse foi um bocado tolo.

Sunday, January 12, 2020

despachada: Abby's


A morte do velho formato de sitcom ainda não foi anunciado, mas que o bicho está ligado à máquina, é um facto.

Abby's tinha personagens bastante engraçadas, um cenário giro e até algo original, assim como algum potencial. Não muito, mas algum. Nada disto puxa ao espectador acual, que não quer o sistema de câmaras múltiplas e público ao vivo.

Vou sentir falta. Enquanto houver estes momentos pontuais duma fórmula que muito me deu, cá estarei a marcar presença. Sei bem que não é suficiente. É a companhia que consigo dar à beira da cama do paciente, antes do beep contínuo final.

Friday, January 10, 2020

despachada: Catch-22


Intenso. Para mim foi um visionamento muito mais intenso do que a leitura do livro. A série tem mais humor do que o filme feito nos anos 70 e até capta bastante bem alguns destes momentos mais humorosos. Mas, mesmo assim, é mais intenso que o livro, onde tudo é mascarado por momentos de humor moldados por insanidade, como só uma guerra poderia propiciar.

Gostei de ver a série. Acho que foi uma adaptação justa e honesta. Pessoal, até. Nota-se que foi feito por malta apreciadora do material de origem, mas com consciência que era preciso adaptar aos métodos modernos de narrativa. Conseguiram isso. O elenco é formado por um conjunto de rapazes que aparentam ter talento. Malta nova, como tinha de ser.

Nota-se que Clooney gostaria de ter tido a oportunidade de fazer de Yossarian. Quem não gostaria? Um clássico anti-herói, inteligente e mordaz. Porque vê-se na interpretação de Clooney o quanto ele conhece os personagens. A forma intensa como se dedicou a ser o general idiota (um deles). Foi pena a falta de timing. Um jovem Clooney a fazer de Yossarian teria ganho prémios a torto e a direito. Mas imagino que, mesmo assim, lhe tenha sabido bem poder pôr em cena esta história.

Friday, January 3, 2020

despachada: Fleabag


Que rico início de ano estamos a ter. Só se vê TV de qualidade por estes lados!

Andava há algum tempo a tentar convencer a minha senhora a ver. Não que precise dela, mas se vejo sozinho começa logo a reclamar. E se não tinha ainda percebido que havia grande série em Fleabag, pouco tempo faltaria. Porque Fleabag, mais concretamente a criadora/intérprete, andou a colecionar prémios nos últimos anos. Com total mérito.

Fleabag é divertido, inteligente, mordaz, cáustico, original... tudo isto e mais um par de botas. Os diálogos são de extrema qualidade. O desenrolar de história é dramático, mas não necessariamente inverosímel. O que tem imensa piada, porque vemos facilmente alguns destes episódios a acontecerem-nos.

Quer dizer... Não a mim. Eu sou desisteressante e passo a vida no sofá. Mas a pessoas que andam por aí, na rua, a fazer cenas. A essas pessoas, com histórias para contar, acontecem destas coisas, por certo.

A coisa parece ter sido pensada. Duas temporadas bem cosidas, com tudo a acontecer com propósito, desde início até ao fim. Mais o padre. O padre é incrível. Tudo com o padre é incrível.

Aposto que já ninguém dizia algo assim desde aquele rapazito acólito muito maduro e interessado em... religião.

Wednesday, January 1, 2020

despachada: Watchmen


Fizemos uma ligeira pausa no visionamento só para levantar a cabeça e vislumbrar alguns fogos de artifício, celebrar o ano novo, yadda yadda yadda. Voltámos rapidamente para acabar.

Porque Watchmen é incrível.

Será um caso raro no mundo da ficção. Uma série fechada, sem planos de continuar, como «sequela» dum filme/livros de BD. Passo a explicar:

Watchmen é considerada a história de BD, capaz de aliciar os mais reticentes anti-fãs de BD. É preciso gostar um pouco de ficção, mas a história foi tão bem contada que «enganou» muita gente quando saiu. Passou a ser referência, mais que não seja porque veio abanar completamente o status quo da BD. Os heróis passaram a ser imperfeitos, talvez até chegando a ser um pouco «sujos». Até então era tudo muito bonitinho e não havia como fazerem mal. Passou a existir toda uma sub-cultura, que agarrou novas gerações e aumentou substancialmente o público leitor, que desistia um pouco das histórias banais do costume. Corta para: há uns anos fizeram um filme, adaptação da famosa BD. Não sendo um sucesso tão flagrante como o material de origem, deu bom dinheiro e fez com que um palerma acabasse por ficar à frente dos destinos dos filmes da DC. Um claro erro no meu entender, mas o palerma tem fãs espalhados por todo o lado. Se há quem vota deliberadamente no Trump, como não haver fãs de Snyder.

Pensava-se que tudo ficaria por aí. Até que Lindelof decide continuar a história, não havendo propriamente muito no qual se pudesse basear. Aconteceu o mesmo com a BD. Apareceram eventualmente sequelas no mesmo universo, mas creio (ênfase no «creio») que não foi nessas que Lindelof se baseou.

O resultado é algo memorável, exemplificativo de como tudo deveria ser feito. Respeito pelo material de origem mas, mais que isso, muito respeito pela narrativa. Nada de episódios para encher, ou tentações de fazer mais, só para esmifrar audiências até se fartarem. O grande golpe de génio foi Lindelof ter vendido isto à HBO, canal sobejamente conhecido por fazer boas séries, sem grande pressão.

Óptimo projecto. Muito bem feito.

top dos filmes do ano de 2019


Que ano!

Em termos pessoais...
Houve muito que queria ter feito, mas parece que mesmo não tendo as rotinas dum dia a dia «normal», continua sem haver tempo para tudo. Parece que os dias ainda mal começaram e já estão a terminar. É assustador perceber isto.

De qualquer modo: saí dum sítio; fui para outro; fechei uma data de caixas; abri outras; tentei sair da zona de conforto (vamos ver como corre); tentei ajudar a fechar uma porta importante; não fechei nenhuma porta, felizmente... Foi um ano em cheio.

Em termos de filmes...
Estranhamente não consegui entrar em números estratosféricos. É surreal. Com menos tempo - ou pensava eu que tinha sido com menos tempo - vi muito mais. Mesmo assim consegui ver uma data de coisas boas - e, nalguns casos, de forma «sequencial», algo que foi giro só por si. Cheguei a 271, igualando um dos primeiros anos deste blogue.

Para além disso: Acabou-se os Avengers em grande. Alguns bons franchises continuaram. Vi desde Óscares ao lixo que enche a Netflix. Consegui despachar uma data de coisas que por aqui andavam há demasiado tempo. Bati recordes. E, acima de tudo, vi pontes para mais e melhor em 2020 e nos anos seguintes.

Estamos numa espécie de auge. Mais para séries que para filmes, é certo. De qualquer modo acho que é uma época especial para o cinema. Tudo é grande. E é importante que o seja, para justificar os preços que se praticam nas salas. Grandes actores. Grandes cenas. Grandes explosões e afins. E os outros filmes, os que já não são blockbusters e que começavam a ser ignorados, encontram novas plataformas nos vários serviços de streaming. Muita gente não acha justo, mas no meu entender esse é o melhor espaço para crescer. Há e haverá sempre «dores de crescimento», mas acho mesmo que as coisas só têm como melhorar.


Fica abaixo a lista do costume, sem nenhuma ordem em especial. Não foi fácil de fazer. Faltam aqui alguns, que também mereciam destaque.

Split + Glass (Temos pena. Eu gostei.)
Isle of Dogs (Em representação da maratona dos Óscares.)
A Quiet Place e Us (Não são o meu género, mas são obras primas dentro deste.)
Tully
Shazam! e Joker (Será desta que a DC começa a atinar?)
The Grinch
Captain Marvel1.ª e 2.ª vez + Avengers: Endgame, 1.ª, 2.ª e 3.ª vez  + Spider-Man: Far From Home (D'uh!)
Landline
Always be my MaybeSomeone GreatLong Shot e Plus One (A provar que ainda é possível fazer coisas boas neste género.)
The Meyerowitz Stories (New and Selected)
T2 Trainspotting
Booksmart
Hearts Beat Loud
The Hate U Give
Mid90s
Blindspotting
Searching
Eighth Grade
Yesterday
The Kid Who Would Be King
Zombieland I e II
When Harry Met Sally
Mission: Impossible - Fallout, Alien: CovenantCreed II, Men in Black: International, John Wick: Chapter 3 - Parabellum, Fast & Furious Presents: Hobbs & ShawStar Wars: Episode IX - The Rise of Skywalker (Blockbusters/franchises que, no meu ententer, devem continuar. Infelizmente não será o caso para alguns.)