Friday, September 30, 2022

filme do mês: Setembro '22

Mês complicado. Os filmes do Verão só começaram a sair no final. Até então houve umas coisas indie para ver, mas pouco mais. Para além que andava a ver boas séries, que ocupavam maior parte do tempo livre. Mesmo assim, com um esforço final (tem sido sempre em esforço, certo?), lá cheguei ao número da praxe: 21.

O número pode estar na média, mas a qualidade baixou muito. Tenho poucas recomendações, por exemplo: Marcel the Shell with Shoes On, Meet Cute, Confess, Fletch e Nope.

O destaque vai para Bullet Train. E é merecido. Não é uma situação de ser o melhor do mauzito. É um bom «filme pipoca».


Friday, September 16, 2022

despachada: A.P. Bio


Outro dos embaços recentes. Este mais fácil de fazer, já que são apenas quatro temporadas curtas. Podiam ser menos. A série foi cancelada a cada duas temporadas. À terceira temporada mudaram-se da NBC para o canal de streaming Peacock. Não é grande diferença, pois ambos pertencem aos mesmos, mas o certo é que não houve terceira vez. Foi cancelada definitivamente e, na minha opinião, mal. Deviam haver mais temporadas para ver. A.P. Bio era uma série divertida.

Eu próprio estou bastante surpreendido. A verdade é que os «filhos» do It's Always Sunny in Philadelphia têm sido alegres surpresas. Este Bio tem muito pouco a ver com IASiP, na verdade. Apenas partilham o actor principal. Mick, por exemplo, foi criada por alguns escritores de IASiP, partilhando ainda a actriz principal. Eu é que meto tudo no mesmo saco. Mal, bem sei, mas o saco é meu e faço com ele o que quiser. Tenho ainda ouvido boas coisas de Mythic Quest (e esta é criada pelos mesmos de IASiP), mas às tantas mais vale começar a ver a série que lançou a carreira destes caramelos, não? Curiosamente, dos quatro principais (vamos ignorar DeVito, pois esse tem uma carreira maior que todos os outros juntos), três tentam fazer o seu trajecto por outras séries (e um deles tendo um clube britânico de futebol), enquanto o quarto já atingiu alguma notoriedade em filmes.

Mas voltando a Bio, esta série nasce sim da malta que passou, ou ainda passa, pelo SNL. É sim, mais uma série bastarda do famigerado programa, que cuspiu tantas estrelas dos seus vários elencos, como mortes por overdose ou próximos capítulos de programas de «Where are they now?». Bio tem muito de bom do que vemos em SNL (a loucura, o talento, os desenrolares estapafúrdios), mas também a completa falta de estrutura, coerência e continuidade / destino, que vemos no programa de sketches.

Talvez tenha sido isso que levou ao fim prematuro. A verdade é que era difícil perceber para onde a série ia, tendo em conta que todo o percurso foi feito aos tropeções. Tomemos como exemplo a namorada que enraízou o protagonista à cidade onde não queria estar, só para desaparecer a meio sem grande justificação. Ou talvez tenha sido vítima do primeiro cancelamento. Não interessa. Nada disto interessa. Vou é ter saudades da personagem da Paula Bell (à direita na foto). Também vou ter doutros, mas Bell fez-me rir a bom rir. Mais que os outros e bem mais que muita outra série cómica que por aí anda. Belíssima personagem, fruto da natureza tresloucada (presumo) da actriz. Ela sozinha merecia Óscares. Catadupas de Óscares.

Thursday, September 15, 2022

despachada: The Americans


Antes de entrar muito na série, que tem sido o nosso embaço regular dos últimos tempos, um disclaimer: está muito bem feita e é, efectivamente boa. Independentemente do que eu possa dizer neste post. Ganhou prémios e adulação merecida. É inteligente e bem trabalhada, com uma data de detalhes que podem parecer estranhos, mas estou certo que terão acontecido na época.

Posto isto...

A parte relacional é demasiado preponderante, face à parte da espionagem. Dando um exemplo: os dois acabam de sobreviver a uma explosão num quarto de hotel, enquanto procuravam parar/matar um assassino profissional. A primeira coisa que dizem um ao outro, ao chegar ao carro, não pode ser sobre a relação matrimonial. Ou então, se a parte familiar é assim tão importante, vamos mais longe: como é que esta gente tem tempo para tudo? Trabalho, serem pais, cozinhar, compras... E limpezas? Não os vi a limpar a casa enorme que tinham uma única vez. Limpar a sala. Uma vez que seja!

Depois, há várias formas de mostrar qual o ambiente numa cena. Iluminação, ângulo dos planos, filtros, cenários ou, como artifício principal, a música. Nesta série usaram um truque diferente. Sempre que as coisas não estavam bem, o cabelo do personagem masculino principal ficava completamente desgovernado. Vimos quase duas temporadas inteiras em que o personagem passa por uma depressão e sabemos disso porque deixou de pentear-se.

No final (que pareceu despachado, como se o canal só tivesse renovado por mais um última temporada e tiveram de resolver tudo à pressa), com seis temporadas dum agente do FBI a viver ao lado de espiões russos, o que o fez suspeitar deles foi uma descrição dum informante, da personagem feminina principal, como tendo cabelo bonito e que fumava. Eram os anos 80! Toda a gente tinha um cabelo espampanante e fumava! Admira-me que não tenha suspeitado dos Flock Of Seagulls.

Estas foram algumas coisas com que fui embirrando, ao longo do visionamento. Eram detalhes que obrigavam-me a tomar notas enquanto via os episódios. E mais houve, que não apontei. A começar com os personagens russos serem interpretados por actores péssimos, pois o importante era saberem falar russo. Do alto da minha «chico espertice», de gajo que já viu anos de filmes e séries, uma data deles de espionagem ou apenas e só deste período da Guerra Fria (Wolverines!), achei eu que sabia mais do que os tipos que escreveram e estudaram sobre este período em que espiões russos viveram nos EUA fingindo ser Americanos. «Os agentes não tinham missões todas as semanas, senão eram apanhados facilmente!», pensava eu, que sou tão inteligente. (inserir aqui smiley que bate com a palma da mão na testa) A situação é exagerada. Claro. É uma série. Há dois personagens principais que o espectador gosta. Estamos investidos na vida destes personagens e não doutros. Se estiverem a mudar sempre de actores não vamos gostar. E não é comportável em termos de orçamento. Os dois principais têm de fazer tudo, sempre. Tenho é de «comer e calar». Não foi fácil, mas aqui o problema é meu, que não sei apreciar as coisas só por si. Tenho sempre de achar que sei mais que os outros.

A conclusão final - que já vem tarde - é que gostei da série. Pode não parecer, mas isto sou só eu a ser o habitual idiota. Gostei da série. Se voltasse atrás, o que mudaria seria a minha atitude, pois veria novamente. Com gosto. Acontece que esperava outra coisa, mais de espionagem do que novela. E daí que tenha custado a desligar a parte parva do cérebro. E porque sou uma besta.

Tuesday, September 13, 2022

despachada: The Staircase


Staircase é a novela norte-americana perfeita. Pelo menos para os tempos que correm. E não é bem para a malta que gosta das típicas «telenovelas», mas mesmo estes encontrariam pormenores interessantes. Só não tem o nível de «drama» a que estão habituados.

Falamos dum tipo candidato a cargos governamentais, escritor e bem na vida, que é acusado do homicídio da esposa. Só até aqui teria interesse, mas não é muito diferente de tantos outros casos, infelizmente. A juntar temos: a descoberta que é bissexual e tinha inúmeros encontros sexuais com homens; a consequente descoberta que a esposa estaria a par, mas os vários filhos e filhas, de relações anteriores, não; o facto de que ele não tinha dinheiro e vivia à custa da mulher; e, chocando a meio do processo, a descoberta que teve uma primeira mulher que morreu nas mesmas circunstâncias que a actual. Ou seja, tudo aponta que a esposa não caiu das escadas e faleceu, por acidente, mas que ele tinha todos os motivos para matá-la.

É a conclusão inicial do tribunal, sendo o tipo metido na prisão. Só que há pessoas que ainda acreditam nele e procuram ilibá-lo. Principalmente o irmão, o vizinho reformado, e a tipa que fez a edição do documentário feito sobre o caso. Sim, esta parte é espectacular. Uma produtora francesa mostrou interesse em documentar o caso e ele, claro, aceitou. Dizia que seria para ter um veículo para contar o seu lado dos acontecimentos, mas a verdade é que o tipo era muito narcisista e adorou a atenção. A tipa que faz a edição dos vídeos da produtora apaixona-se por ele, só de o ver nas gravações. Eu sei, é surreal. O certo é que, depois do tipo ir parar à prisão ela continua a investigar e a procurar provas para a sua inocência. No final, depois de ser finalmente liberto, vê-lo a rejeitá-la é trágico só por si.

Não tenho grandes pruridos em revelar estes detalhes porque isto foi um caso real. Tudo aconteceu, de algum modo. Está detalhado em várias páginas de Internet, incluindo Wikipédia. Ter sido um documentário tornou tudo ainda mais público e conhecido. Eu não conhecia, claro, mas eu sou um gajo pouco interessado em realidade. Nunca na vida convencer-me-iam a ver o documentário. Já uma mini-série da HBO, com bons actores...

Sunday, September 4, 2022

despachada: Worst Week


Adaptação da série britânica, sim. Faz sentido. Foi bem sucedida em Inglaterra. Porque não tentar adaptar?

Ao contrário do que é costume, não fizeram uma réplica cena por cena. Começaram pelo especial de Natal. São os últimos episódios da série original. Misturaram uns quantos detalhes das outras temporadas. É bom sinal. Quer dizer que pensaram antes de fazer. Que analisaram tudo e procuraram dar-lhe uma estrutura consolidada, criando algo novo. Só é pena que o material de base não fosse grande coisa. Por outro lado, tiveram como guest appearances: Aziz Ansari, Ken Jeong, Jessica St. Clair, Nick Kroll, Olympia Dukakis, Fred Willard, Octavia Spencer, Rachael Harris, Natasha Legero, entre outros.

E a verdade é que procuraram ser mais fofinhos. O tipo principal é claramente mais agradável, o que ajudou que não custasse tanto a ver. Ele não é o único a cometer erros, por exemplo. Só isso faz uma diferença enorme e tira o tom repetitivo que, pelo menos a mim, desde o início irritou na outra.

A conclusão é que esta versão é melhor que o original. Pelo menos para mim. Mesmo assim não foi grande coisa.