Tuesday, December 31, 2019

filme do mês: Dezembro '19



Acabo o ano com números fracos. Nem é muito normal. Tirando os últimos anos, em Dezembro costumo ter bastante tempo para filmes. Mais que não seja porque as séries estão em pausa. Mas tudo muda. Hoje em dia há séries em qualquer altura. Se juntarmos a isso uma vida diferente, e um mês em que fui passar uma temporada ou duas «de férias»... a Portugal!

É normal que tenha visto pouca coisas. Mas vi dois blockbusters porreiros, de franchises que continuarão, por certo. Também vi umas coisa que tentaram ser algo... mas ficaram-se pelo caminho.

E vi o episódio IX em muito boa companhia, em lugares especiais, numa sala condigna para tamanho filme. O episódio em si é o que é, mas não deixou de ser uma óptima experiência cinematográfica. Assim  sendo, Rise of Skywalker é o filme deste mês. E seria, mesmo que tivesse visto dezenas de filmes.

Monday, December 30, 2019

despachada: Mr. Robot


O início é impecável, apesar de ter o twist que começava a ser banal, já na altura em que a série começou.

As duas temporadas do meio não fizeram grande coisa por mim, apesar de terem tido uma variação engraçada desse mesmo twist, e um final de temporada supreendente. Na última temporada estive para desistir. A meio! Sabia que ia acabar, mas estava a ser uma seca e não parecia levar a lado nenhum. Não tinha grande ligação à narrativa, que parecia ter dado tudo o que tinha a dar.

Até que surgiram dois episódios... brutais!

Dois episódios maravilhosamente bem feitos, que compensaram os episódios todos de encher chouriços, só para ali chegar. É de notar que um deles tem 10, como avaliação no IMDb. Com mais de 14 mil pessoas a votar, mesmo assim tem nota perfeita. É de valor.

Fiquei agarrado outra vez, a partir daí. Até ao fim.

despachada: The Man in the High Castle


A premissa é incrível. É o que tornou esta história tão famosa e apetecível de adaptar. E funcionou. Funcionou muito, mas muito bem. A primeira temporada é óptima e agarra, apesar de confusa e inverosímel.

Para quem não sabe, em TMitHC os nazis ganharam a Segunda Grande Guerra. Têm controlo sobre a Europa, mas não só. Dividem os EUA com os Japoneses. Têm o lado Este, enquanto que os nipónicos controlam o lado Oeste. No meio está uma zona meio destruída e perdida, onde vivem os «fora-da-lei» e uma espécie de resistência possível.

Esta não é a parte inverosímel, porque por muito que não o queiramos aceitar, o certo é que era possível terem ganho a Guerra. O mundo podia ser radicalmente diferente do que é hoje em dia. Mas isso seria o «normal» desse mundo, o vivermos sob um regime fascista. A parte verdadeiramente estranha desta história é que a dita resistência tem em sua posse um filme duma realidade paralela. Uma realidade, para eles, «anormal», onde os Aliados ganharam a Guerra. É um mundo onde, para muitos, vive-se melhor. Para pessoas dos dois lados. Porque até Japoneses e para alguns nazis, essa realidade é vista como algo a almejar.

Com esta arma, muitas mais pessoas começam a acreditar num «normal» diferente. E uma pequena resistência torna-se em algo mais, algo maior... dentro do possível.

É delicioso ver as possibilidades desta realidade paralela. Como coisas simples seriam completamente diferentes. Zepelins continuam muito mais presentes, por exemplo. E, até certo ponto, a séria foi muito bem conseguida. Só que, como acontece demasiadas vezes, esticaram a coisa até à exaustão.

O final é «tirado a ferros», com uma última temporada sofrível, apresentando muito pouco que faltasse contar. O enfoque, de repente, é dado à comunidade «afro-americana». Até então não existiam. No final têm um protagonismo gigante. Atenção que não critico a existência destes personagens neste ou em qualquer contexto. São uma parte da população. Porque haveriam de desaparecer só por causa do regime nazi imposto? A inclusão foi forçada pelo contexto mundial actual. Foi o que deveria ser feito, mas muito tarde. Tarde demais.

Monday, December 16, 2019

despachada: The End of the F***ing World


Que raios! Como é que não tenho um post já feito disto. Porque quando acabou a primeira temporada, as primeiras impressões insinuavam que tinha terminado. A primeira temporada é baseada no único material de origem feito (banda desenhada, já agora). Logo, não há mais para fazer.

Pelos vistos atrasei-me (eu sei, eu sei, choque!) a escrever o post e, entretanto, surgiu a notícia que ia haver segunda temporada, pelo que cancelei os meus planos de deambular sobre a série.

Posso dizer que está muito bem feito. A dinâmica entre os dois protagonistas é perfeita. E há surpresas pelo caminho. Daquelas bem grotescas. Poder-se-ia pensar que a segunda temporada foi «esticar a corda», até pelo final da primeira, mas não. Não senti isso. Acho que foi um bom acrescento. Não necessário só por si, mas interessante qb. Culminou bem.

Para quem gosta de histórias trágicas de «amor», The End of the F***ing World poderá ser uma boa experiência.

Friday, December 13, 2019

despachada: Northern Exposure


Não se volta a onde se foi feliz.

É uma velha máxima, é certo, mas cada vez a sinto mais presente. Esqueçamos que é quase exclusivamente por causa de filmes e séries antigas. Assumamos que é por causa disso e duma data doutros motivos importantes. Não queremos que passe por um cavalheiro desinteressante e até algo fútil.

Northern Exposure (NEx) é daquelas coisas que guardava com carinho na minha memória. Lembro-me de estar na sala, a partilhar a série com o meu velho, a ver episódios soltos que íamos apanhando na TV. NEx parecia ser uma série acima das outras da altura. Algo feito com pés e cabeça, cheio de mensagens e ideias à frente daquele tempo. Infelizmente, aos olhos de hoje em dia, falha em muitos aspectos.

«Continuidade» é uma palavra cara e desconhecida, por exemplo. Entendo. Era como as coisas eram feitas então. Juntava-se a equipa de guionistas numa sala mais para distribuir episódios do que discutir os objectivos gerais. Se é que havia sequer uma reunião presencial. O mais provável era tudo ser feito à distância. Mas desde relacionamentos cuja progressão, ou sequer exististência destes, varia de episódio para episódio, ou mesmo só estações do ano que vão variando, consoante a necessidade, passando por familiares que desaparecem sem deixar rastro, vê-se um pouco de tudo. Quase todos os episódios são independentes e há erros gritantes, para quem decidir ver tudo seguido.

Assuntos «delicados». Acredito que NEx que fosse das séries mais progressistas. Hoje em dia falha em quase todos os aspectos. Mulheres são clichês e questões raciais são abordadas com o tacto dum elefante num espaço reduzido. Basta olhar para o elenco muito, mas muito caucasiano, numa terra cheia de cultura indígena. Aliás, os personagens nativos são usados a belo prazer, consoante as necessidades dos enredos principais (entenda-se, «brancos»). Tudo muito constrangedor.

As personagens e os assuntos eram tratados com bastante inteligência... aos olhos dum adolescente na década de 90. Desta feita vi uma data de gente execrável, a quem não confiaria um cacto moribundo. Tudo malta egoísta, que só vê o seu, em detrimento da comunidade. O que é irónico, porque a grande premissa era precisamente um jovem médico citadino descobrir a beleza duma comunidade mais pequena. Há um episódio em que isso é para lá de notório. Sendo certo que o personagem que dá o mote para a existência desta série (o tal médico que vem da cidade grande) é um palerma que insulta todos os que o rodeiam, tratando-os como pacóvios provincianos, nada justifica como foi tratado, a certo momento. Ele tem a obrigatoriedade de trabalhar naquela terra, de cujo estado pagou-lhe os estudos. Mas também é verdade que com esse trabalho vêm direitos, nomeadamente a ter férias. Quando estas são canceladas mais uma vez, o médico entra em greve. É recurso de notório desespero, vindo do cansaço de quem não parava há meses. Que faz a comunidade? Vira-se contra ele, chegando ao ponto dele passar a noite na rua... no Alaska! É um estado pouco conhecido pelas noites amenas, convenhamos.

Nem tudo foi mau, atenção. Continuam a haver alguns episódios com toques de genialidade, na fantasia em que são construídas as cenas. Mesmo aos olhos de hoje em dia. Isso marcou-me então e continuei a ver desta feita. Mas não consigo recomendar NEx a ninguém, infelizmente. Percebo agora porque a série não se encontra em nenhum serviço de streaming actual.

PS - Apenas como desabafo. Não acrescenta nada ao que já disse e até spoila o final. Mas ter a O'Connell a juntar os trapos com o Chris, quando nada a isso apontava e andámos nós a levar com demasiados episódios do «vai não vai» entre ela e o Fleischman... Epá, é cuspirem na cara do espectador! Entendo que não fizesse sentido ficar com o Fleischman, mas que ficasse sozinha. Qual era o necessidade de a emparelhar com alguém?