Thursday, June 30, 2022

filme do mês: Junho '22

Junho, mês de fim da Primavera (que tende a não ser muito minha amiga) e doutras coisas. Início de... Bem, de nada! Do Verão, sim, mas este vai ser comedido. Não acredito que, no futuro, haverá grandes referências ao Verão de '22. Tirando filmes, claro!

Procuremos simplificar estas minhas referências mensais em duas categorias:
- bons revisionamentos (People Places Things, How do You Know, The Greatest, Choke);
- bons novos visionamentos, seja por que motivo for (Fire Island, Hustle, Beavis and Butt-Head Do the Universe, Good Luck to You, Leo Grande).

E como destaque maior deveria ser Rogue One, mas não quero tornar óbvia a minha presente obsessão com Star Wars, pelo que a escolha deste mês recai sobre The Unbearable Weight of Massive Talent, um filme bem fixolas.


Wednesday, June 29, 2022

despachada: Y: The Last Man


Veio tarde e a más horas.

Gostei e continuo a gostar bastante da BD, na qual esta série baseou-se. Reli há pouco tempo, precisamente em preparação para a série. Apesar de estar algo datada e ter o problema de ser uma história cheia de mulheres, escrita por um homem, continua a ter pormenores muito bons.

Yorick é o «último homem na Terra». Vaughan pegou nesta velha máxima, com que alguns homens sonham e que muitas mulheres usam para acabar com quaisquer expectativas, para criar uma história dum universo pós-apocalíptico, em que, certo dia, todos os homens morrem. Quase todos. Como lidar com uma situação tão extrema, em que metade da população deixa de existir? Quando foi escrito a realidade é que havia muitas profissões feitas maioritariamente por homens. Eu sei. É uma frase controversa de se dizer, hoje em dia. Era um facto em algumas áreas. A verdade é essa. Por exemplo pilotos de aviões. Maior parte eram homens. E uma das coisas trágicas que aconteceram, no fatídico dia, foi que muitos aviões, com demasiadas pessoas a bordo, despenharam. Fosse onde fosse. Sobre cidades ou sobre o mar. Tendo em conta o número de aviões no ar que existem hoje em dia, isto é uma noção aterradora só por si.

Os dias seguintes... Não consigo conceber. Entre ter de lidar com os milhões de cadáveres, o luto, a tristeza, o choque, e o ter de continuar com certas coisas, em esforço e sem conhecimento, como é possível continuar? De repente é preciso fazer manutenção de centrais nucleares e eléctricas, é preciso transportar materiais necessários, manter supermercados e outros estabelecimentos abertos, entre tantas outras coisas que damos como garantidas. Não é a questão de serem coisas que só homens sabem fazer. Uma mulher pode fazer tudo o que um homem faz. Que fique bem claro. Não é isso. Imaginemos qualquer local de trabalho, onde há trabalho para dez pessoas. Mesmo que seja um local com sete mulheres e três homens. De repente há trabalho de dez para sete, que tem de ser feito. E essas sete mulheres estão a lidar com a perda drástica dos respectivos maridos, filhos, netos, sobrinhos, amigos, enteados, pais, avôs...

Sobre a série, creio que teve um azar tremendo com o timing. Primeiro porque já não faz sentido uma ideia em que se, de repente, os homens desaparecerem, as mulheres entram em pânico e só fazem m€rd@. Todas são mais que capazes de manter e continuar com a sociedade.

A mim, por exemplo, fez confusão a falta de comida. Há mulheres para transportar a comida em camiões, camionetas ou carros. Há mulheres com quintas, com empresas de produção alimentar. Há bancárias e informáticas para manter a parte dos pagamentos a funcionar. Nem que seja temporariamente, em estado de emergência. E se há comida, mesmo que rés vés, para homens e mulheres, então tem de haver comida para metade da população por algum tempo. Ainda há pouco tempo vi um vídeo em que um fazendeiro explicava que tinha um silo cheio de cebolas, que davam para o ano todo. Agora, cebolas apenas não chega para alimentar alguém durante muito tempo, mas como este exemplo haverá outros.

Segundo, o COVID lixou o sucesso que a série pudesse ter. Era um assunto demasiado próximo do que estávamos a viver. Caos numa sociedade. Quando estreou foi uma história demasiado próxima da realidade e o pessoal acusou o toque. Ainda devido ao adiamento da produção, os contratos com os actores entretanto terminavam e ficou caro demais renovar, tão cedo, com uma temporada que mal tinha saído e não tinha garantias de sucesso.

Por fim, sinto que houve alterações que pouco sentido fizeram, face à BD. É uma opinião apenas, mas a verdade é que demorámos a ter personagens por quem estivessemos a torcer. Quase todos eram irritantes ou idiotas, e uma crise a escala mundial não justificou todos os comportamentos ou decisões. Mais, quiseram manter a típica narrativa norte-americana, de ter episódios de encher e só ter verdadeira emoção ou conflito, em poucos momentos. O final é interessanto, por exemplo, mas demoraram demasiado tempo a chegar ali. O primeiro episódio agarra porque tem a grande cena a acontecer, mas depois disso são demasiados episódios morosos.

Foi pena. Fiquei excitado com a potencial da série, quando foi anunciada. Talvez estivesse fadada ao insucesso. Mais que uma sociedade sem homens. Teve azar com a pandemia no mundo real. Mesmo assim a execução deixou algo a desejar.

Wednesday, June 22, 2022

despachada: Obi-Wan Kenobi


Que coisa mai rica e bela! Obi-Wan foi uma belíssima montanha-russa de emoções. Tanto antes, como durante.

Quando Rogue One foi um sucesso, planos cedo surgiram para mais filmes do género, incluindo Han Solo, Boba Fett e, claro, para um dos maiores Jedi de sempre, o nosso velho Ben Kenobi. Solo lixou tudo e os demais projectos foram cancelados. Mas... Felizmente Mandalorian provou que séries Star War na Disney+ podem ter bastante sucesso (o baby Yoda provou isso, na verdade) e Boba e Kenobi voltaram a entrar na linha de montagem da Disney, desta feita em formato «vamos torturar os espectadores com apenas um episódio por semana».

Foi uma tortura maravilhosa. Para mim. Não quero saber dos críticos. Nem dos que dizem que não acrescenta nada, nem dos que decidiram simplesmente criticar a série porque tem uma personagem principal feminina e negra. P#t@ que os pariu para os últimos. Os primeiros até posso respeitar a opinião, mas não concordo. Eu quero ver que aconteceu entre os Episódios III e IV. Até porque McGregor como Obi-Wan foi uma das coisas geniais das prequelas.

Vou abordar as prequelas? Meh, porque não?

Fenómeno estranho este, de filmes criticados pelos adultos que os viram então, e louvados pelos adultos de agora, que os viram em miúdos. Faz todo o sentido, atenção. Deu-se agora para as prequelas e para os filmes do Spider-Man de Raimi. Eu vi-os com algum desdém, admito. Mas para os miúdos de então foram filmes incríveis. Já tinha acontecido o mesmo com o Episódio VI. Os adultos que adoraram o IV e o V odiaram os Ewoks, assim que os viram. Porque eram criaturas infantis, que baixavam o nível dum filme série de ficção científica. Eu adorei os Ewoks. Para mim, enquanto puto, eram espectaculares. Por causa dessa percepção inicial ainda os adoro, claro.

É isso que nos falta. É difícil, bem sei. Mas convém ver estas coisas com um pouco mais de olhar de criança. De forma inocente. Com alegria por estarmos a ver um pouco mais de algo que nos é especial. Adorei ver Obi-Wan Kenobi. A surpresa de ver coisas novas a acontecer. O medo que estas coisas viessem a estragar o que sabia vir a seguir. Mesmo sabendo, racionalmente, que esta malta não criaria plot holes tão grandes, sem mais nem menos. As batalhas entre Kenobi e Vader... Repetindo-me: que coisa mai rica e bela!

A m€rd@ agora é que não tenho muito mais de Star Wars para ver. Estou a ver a primeira temporada de Visions, mas será coisa curtinha e é a última que tinha para ver. Tenho de esperar por coisas novas...

Já estou com comichões e tremuras. Sinto que falta pouco para ver o bebé a andar no tecto. :\

Sunday, June 19, 2022

despachada: Landscappers


Não quero dizer mal, por respeito ao elenco principal, mas não consegui gostar muito desta mini-série. Nunca conseguiu agarrar-me, apesar de que mérito deva ser dado à forma como a história foi contada.

A «história» (ou talvez deva dizer-se «narração dos factos») foi contada de forma interessante. Muitos dos flashbacks são apresentados de forma criativa, com muita alusão à fantasia que passava pela cabeça dos dois personagens principais. Na realidade, o casal matou os pais dela e enterrou os corpos no jardim das traseiras. Daí o curioso nome da mini-série. Só foram apanhados, mais duma dezena de anos depois do crime, porque ficaram sem dinheiro e voltaram a Inglaterra. Queimaram cerca de 300 mil libras entre homicídio e captura. O que é fácil e precisa de algum esforço, ao mesmo tempo. É isto. Não é elaborado por aí além, por muito que prove, uma vez mais, que a realidade será sempre superior à ficção. Como é que os criadores tentaram tornar a coisa especial? Fazendo com que a mini-série vivesse na ilusão que o casal tinha na cabeça, na dúvida que procuraram criar. Até aos dias de hoje ambos apelam ser inocentes. Apesar de terem confessado. Mesmo assim têm convicção absoluta que não cometeram qualquer crime. Que foram obrigados, por força das circunstâncias, a matar os velhotes.

É uma bela ilusão. E muito bem foi apresentada. Não foi suficiente para mim, mas estou certo que não estarei na maioria, ou sequer com grande razão do meu lado.

Saturday, June 18, 2022

despachada: The Loudest Voice


Impressionante a atenção que foi dada ao palerma que criou a Fox News, entre outras «atrocidades» que fez. Se em Bombshell o ênfase foi dado às questões de assédio sexual no trabalho, aqui expande-se para o clima hostil que criava no trabalho (não só o assédio), mas também é-lhe dado crédito pela criação do canal «noticioso» e pela eleição de Trump. Agora, se esse crédito, dado pela série, é positivo ou negativo, ainda não consegui perceber.

Ailes era uma besta. Que não restem dúvidas. Agora, para quem foi feito o filme e esta série? Malta «de esquerda» sabe disso há tempo. Não precisa de objectos de ficção para perceber que era uma criatura vil, que muito mal fez a pessoas e à sociedade estado-unidense. Basta uma pequena pesquisa na Internet. Já a malta «de direita»... Os com olhos na cara também o sabem. Muitos não o suportavam, naturalmente. Os seguidores, os «cegos», esses não vão ver estas coisas e, mesmo que vissem, simplesmente diriam que são «fake news».

Logo, servirá o propósito de demonizar a criatura? Não era já claro? Não serve antes um outro propósito? De mostrar que, com pulso firme, o c@br@0 conseguiu criar um enorme canal de desinformação e pôr numa posição de poder um idiota, para além de mostrar como safou-se a cometer crimes contra as pessoas à volta, durante demasiado tempo. Fico na dúvida.

Tuesday, June 14, 2022

despachada: Roadkill


Sinto-me dividido.

Por um lado este tipo quer fazer mudanças. Quer ter poder para tomar decisões e, quiçá, melhorar as coisas para as pessoas. Para as que precisam. Não só os ricos. Por outro lado... É um tubarão. Sempre a nadar. Sempre a seguir em frente, com todo o lodo à volta. Não me refiro à política em geral, mas ao «lodo» que criou. Porque apesar de ter algumas boas intenções, não deixa de ser um político, a usar tudo à sua volta para atingir objectivos, para sobreviver. À custa doutros. Porque é um ser humano, com um passado repleto de erros e de abusos das pessoas mais próximas. Em especial a família, que é usada para dar-lhe um ar sério e responsável. Algo que nem sempre é a verdade.

Os fins justificam os meios? O bem de muitos é mais importante que o de alguns? É complicado. E o House faz um belo papel, para não variar, a confundir-nos.

Tuesday, June 7, 2022

despachada: M.O.D.O.K.


Percebo o que a malta do Bad Robot tentou fazer. É a mesma loucura que implementam no Robot Chicken, tendo um universo Marvel inteiro para brincar. E sim, é divertido, mas não leva a lado nenhum. Nada será canon, embora não seja isso o mais importante. Só refiro porque é algo que maior parte das pessoas comuns procura, hoje em dia. Sem estes, dificilmente conseguiria atingir níveis elevados de audiências. Mais, parece-me que chegou tarde ao Disney+. Foi produto Hulu e por demasiado tempo ficou por lá.

Tenho pena que parta, mas a verdade é que rapidadamente vou esquecer que existiu. Por muito que Oswalt tenha feito uma óptima interpretação da máquina mortífera que é M.O.D.O.K.

Sunday, June 5, 2022

despachada: Killing Eve


Cheguei a Killing Eve através de Phoebe Waller-Bridge, de quem verei tudo o que fizer, daqui até à eternidade. Saio daqui a ter de seguir mais uma pessoa. Porque Jodie Comer faz um papelão!

Não é exagero. É daquelas referências para agora e para muito tempo. Daqui a 50 anos alguém vai andar a fazer listas várias e a meter esta interpretação em todas. É uma personagem, daquelas que aparecem uma vez por década. Ou até mais tempo. Tudo tem o seu requinte de malvadez e é absolutamente delicioso. É uma vilã, atenção. Villanelle é uma psicopata atroz, sem qualquer respeito pelo ser humano. Sádica até à quinta casa e só tem prazer com o sofrimento do próximo. Não dá importância a nada que uma pessoa «normal» dá. Psicopata, sim. Já o tinha dito. Só que... Epá, é difícil não achar-lhe piada. Porque tem piada. Muita. É mordaz, inteligente, sensual, infantil, ingénua, sagaz... Tudo e mais um par de botas, ao mesmo tempo. É uma magnífica interpretação, que faz sombra a outras, dentro da mesma série. Porque Oh faz um óptimo papel, Shaw idem, e Bodnia é maravilhoso. Têm mérito só por si, mas brilham mais por estar ao pé de Comer.

Já a série é muito boa Também. Em especial para ver de seguida. Porque eu, o comum espectador que seguiu a coisa à medida que ia saindo (mais ou menos), tive dois problemas. Primeiro, sofreu da questão que aflige maior parte das séries norte-americanas: durou demasiado tempo. Não é muito, mas Killing Eve tem uma temporada a mais. Por aí. Não é nenhuma delas em concreto. É só uma questão de tempo. Algo que não foi favorecido pelo facto de que houve demasiado dele entre temporadas. Este foi um o segundo problema. Passaram-se horrores entre temporadas. Porque é preciso aprimorar os guiões, claro. Porque a produção implicava andar em vários países (algo ainda mais difícil em tempos de COVID). Porque as estrelas (em especial Comer) têm agendas tramadas. Eu sei tudo isso e não recrimino ninguém. Só que esqueci-me de metade do que aconteceu. Foi fixe. Marcou. Mas foi há anos.

Esta é a grande diferença entre ver séries como antigamente, em canal aberto, a passar numa temporada normal, entre setembro e maio; e as séries para streaming ou, neste caso, para um canal britânico. Quando temos a pausa de Verão entre maio e setembro, não é assim tanto. Dá para ter presente o que aconteceu na temporada anterior, antes de começar a nova. Agora, quando passa um ano(!) entre temporadas... Sei lá eu que aconteceu antes! Uma pessoa perde-se entre as milhentas histórias que vê entretanto.

É tramado. Ou melhor, é «tramado». Convenhamos que há milhentas coisas piores no mundo. O espectador tem de tomar uma decisão. Ou vai vendo e tendo o envolvimento da net, com os factos extra e as teorias (eu acho piada, percebo quem não ache) ou espera que a série termine, para ver tudo de enfiada. É uma decisão complicada. Porque sabe-se lá quando termina uma série. Se for feita à «americana» pode nunca mais acabar. Ou, pior, arrastar-se até um ponto que deixa de ter interesse. Sim, estou a olhar para vocês, Prison Breaks, Dexters e Losts desta vida.

Killing Eve
terminou. Independentemente destas questões de somenos, gostei muito de ver. E recomendo vivamente que outros vejam também.

Thursday, June 2, 2022

despachada: Star Wars: Resistence


They can't all be winners. Resistence está longe de ser mau, mas não chega aos calcanhares de Clone Wars ou Rebels.

Resistence é o que achava que seriam todas as séries de animação de Star Wars. Coisas para miúdos. Cenas fofinhas, com demasiados momentos humorosos. Sim, com stormtroopers e outros vilões a aparecerem, mas com os personagens principais a safarem-se sempre, maior parte das vezes de forma até algo absurda. Aqui, o nosso herói, Kaz, é um taranta que tropeça em problemas e em soluções. Vá-se lá saber como cai do lado da Resistência, acabando por ajudar com coração, coragem e talento de piloto. É aquele aproximar entre fantasia e público, aludindo a que qualquer um de nós (crianças, entenda-se) pode fazer parte dos bons da fita.

Enquanto que nas outras duas séries acontecem coisas de grande impacto nos filmes e no franchise, dificilmente dará para sacar muito mais que um cameo destes personagens em aventuras live action. Reforço: é uma série de animação divertida, dentro do universo Star Wars. Só não será assim tão importante de ver, face a tudo o resto.