Sunday, June 5, 2022

despachada: Killing Eve


Cheguei a Killing Eve através de Phoebe Waller-Bridge, de quem verei tudo o que fizer, daqui até à eternidade. Saio daqui a ter de seguir mais uma pessoa. Porque Jodie Comer faz um papelão!

Não é exagero. É daquelas referências para agora e para muito tempo. Daqui a 50 anos alguém vai andar a fazer listas várias e a meter esta interpretação em todas. É uma personagem, daquelas que aparecem uma vez por década. Ou até mais tempo. Tudo tem o seu requinte de malvadez e é absolutamente delicioso. É uma vilã, atenção. Villanelle é uma psicopata atroz, sem qualquer respeito pelo ser humano. Sádica até à quinta casa e só tem prazer com o sofrimento do próximo. Não dá importância a nada que uma pessoa «normal» dá. Psicopata, sim. Já o tinha dito. Só que... Epá, é difícil não achar-lhe piada. Porque tem piada. Muita. É mordaz, inteligente, sensual, infantil, ingénua, sagaz... Tudo e mais um par de botas, ao mesmo tempo. É uma magnífica interpretação, que faz sombra a outras, dentro da mesma série. Porque Oh faz um óptimo papel, Shaw idem, e Bodnia é maravilhoso. Têm mérito só por si, mas brilham mais por estar ao pé de Comer.

Já a série é muito boa Também. Em especial para ver de seguida. Porque eu, o comum espectador que seguiu a coisa à medida que ia saindo (mais ou menos), tive dois problemas. Primeiro, sofreu da questão que aflige maior parte das séries norte-americanas: durou demasiado tempo. Não é muito, mas Killing Eve tem uma temporada a mais. Por aí. Não é nenhuma delas em concreto. É só uma questão de tempo. Algo que não foi favorecido pelo facto de que houve demasiado dele entre temporadas. Este foi um o segundo problema. Passaram-se horrores entre temporadas. Porque é preciso aprimorar os guiões, claro. Porque a produção implicava andar em vários países (algo ainda mais difícil em tempos de COVID). Porque as estrelas (em especial Comer) têm agendas tramadas. Eu sei tudo isso e não recrimino ninguém. Só que esqueci-me de metade do que aconteceu. Foi fixe. Marcou. Mas foi há anos.

Esta é a grande diferença entre ver séries como antigamente, em canal aberto, a passar numa temporada normal, entre setembro e maio; e as séries para streaming ou, neste caso, para um canal britânico. Quando temos a pausa de Verão entre maio e setembro, não é assim tanto. Dá para ter presente o que aconteceu na temporada anterior, antes de começar a nova. Agora, quando passa um ano(!) entre temporadas... Sei lá eu que aconteceu antes! Uma pessoa perde-se entre as milhentas histórias que vê entretanto.

É tramado. Ou melhor, é «tramado». Convenhamos que há milhentas coisas piores no mundo. O espectador tem de tomar uma decisão. Ou vai vendo e tendo o envolvimento da net, com os factos extra e as teorias (eu acho piada, percebo quem não ache) ou espera que a série termine, para ver tudo de enfiada. É uma decisão complicada. Porque sabe-se lá quando termina uma série. Se for feita à «americana» pode nunca mais acabar. Ou, pior, arrastar-se até um ponto que deixa de ter interesse. Sim, estou a olhar para vocês, Prison Breaks, Dexters e Losts desta vida.

Killing Eve
terminou. Independentemente destas questões de somenos, gostei muito de ver. E recomendo vivamente que outros vejam também.

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