Monday, August 31, 2020

filme do mês: Agosto '20

Foi um mês com um número simpático de filmes vistos (e também de séries). Já fiz muito melhor neste período, noutros anos (é um mês conhecido por bater recordes), mas não deixa de ser melhor número que maior parte dos meses recentes.

O curioso é que foi muito díspare. Vi coisas boas e más. Despachei alguns que tinha para aqui há tempo, mas também revi antigos e descobri coisas que passaram-me ao lado nos últimos anos. Vi desde ficção científica a comédias românticas, passando por alguns outros géneros. Estou longe das minhas sequências/padrões que fomentei no passado recente.

Talvez seja reflexo dos tempos em que vivemos, em que parece que estamos todos um bocadinho em todo o lado do espectro de emoções. Esta miscelânea torna o destaque de um só filme muito mais difícil.

Gostei de Deidra & Laney Rob a Train, de Copperfield, 5 Bloods, Every Day ou I Kill Giants, para além de ter apreciado rever Nick and Norah's ou Anchorman. Acabo por destacar um dos revisionamentos, apenas e só porque levou-me a um tempo deveras longínquo, muito mais simples e inocente, onde ingenuamente acreditava na vida e no amor.

Tomem lá mais um pouco de Carly Simon a cantar sobre a nossa Working Girl favorita.

Saturday, August 22, 2020

despachada: I Am Not Okay With This


Terminámos de ver a primeira temporada há algum tempo. E, apesar da Netflix ter anunciado uma segunda, na altura, soube agora que cancelou a série por causa do raio do vírus. Está acontecer muito. O confinamento interrompeu toda a produção. Para retomar existem custos de testes que o canal de streaming não parece querer suportar, em demasiados casos.

E isto é o mais preocupante. O cancelamento duma séria como esta é apenas mais uma ocorrência como muitas. Milhentas outras séries foram canceladas que mereciam talvez mais a renovação que IANOWT. O verdadeiro problema é o precedente criado. Já não estamos a avaliar séries pela qualidade ou pelos resultados de audiência ou, mais relevante hoje em dia, o número de visualizações/likes/partilhas ou referências online. Sempre se juntou estas medições ao custo. Agora o que é apenas relevante é este último factor.

Para a Netflix parece que há demasido que não merece o esforço. Quem se lixa somos nós, que pagamos um raio dum serviço que cospe conteúdos ao sabor das preferências do dia, não lhes interessando nada se nós investimos tempo e dedicação a uma série, só para a vermos cancelada a meio da narrativa.

Avizinham-se tempos ainda mais frustrantes, pois parecia que caminhávamos para uma programação mais coordenada, com fechos de histórias acima de cancelamentos depois dos resultados. Agora espera-nos esta realidade miserável, com a qual «não estou OK», mas sobre o qual pouco posso/podemos fazer.

Sunday, August 16, 2020

despachada: Normal People


Drama for drama's sake.

É uma história de amor «à moderna», apesar de passar-se no passado. Ou seja, tudo muito trágico e fadado ao insucesso.

Um casal conhece-se no secundário, sendo ele relativamente popular e ela nem por isso. O que faz com que seja um amor proibido, já que o rapaz, sendo um adolescente «normal», teme que a sua reputação vá por água abaixo se alguém souber que estão juntos. Voltam a encontrar-se na universidade, onde as posições sociais invertem-se, gerando novos/velhos problemas. O certo é que são ambos muito inteligentes e sensíveis, apesar de serem ao mesmo tempo completos idiotas que não sabem o que fazer da vida. Têm uma ligação que vem com o tempo e com a intimidade partilhada mas, mais uma vez, não sabem que fazer com isso.

São nós e não são nós, sendo que sofremos por empatia e por querermos o melhor para eles. Às vezes somos os únicos, parece.

Saturday, August 15, 2020

despachada: Marvel's Agents of S.H.I.E.L.D.



A série que me fez pousar o telemóvel.

Todos nós temos esse hábito, hoje em dia. Já não chega a distração que a TV providencia. Para além de algo que se passa no ecrã maior, temos ainda de alimentar a nossa necessidade de mais estímulos com o ecrã pequeno. Comigo o vício começou quando precisei de desligar o cérebro a 100%. Ver um filme ou uma série deixou de ser suficiente. Havia sempre uma vozinha lá atrás a lembrar do que é preciso fazer, ou de tudo o que correu mal naquele dia/semana/mês/ano/década. Precisei de jogar jogos enquanto via coisas. Às tantas deixou de ser uma necessidade (melhores fases da vida, suponho), mas o hábito estava criado. Tento combater a coisa. Cada vez mais. E acho que tudo começou com Agents.

Agents surge no fim da fase 1 dos filmes da Marvel. Pegam no Coulson, trazem-no de volta à vida, e montam uma série à volta dele e da S.H.I.E.L.D. No fundo decidiram fazer uma espécie de extensão para o que já era o Coulson nos filmes: uma ligação entre vários elementos, para além de levar o espectador a assistir a algumas origens. Nada disto entusiasmava-me por aí além. Gostei de Coulson nos filmes, sim, mas a sua morte tinha servido um propósito. Para mais, nunca fui fã das histórias de espionagem e afins da agência. Não haveria muito para mim em Agents, mas eu sou uma p#t@ da Marvel. Tenho de ver tudo, ?

A primeira temporada é um pouco enfadonha, até que levam ao twist que, ainda por cima, estava interligado com o Winter Soldier. OK OK. Se vão meter os filmes ao barulho, estou nessa. Foi fogo de vista. A ligação entre TV e cinema tornou-se cada vez mais ténue. E toda a trama da série era muito light. Até que...

Lembro-me perfeitamente. Skye passou a ser uma agente a série, e não só uma sidekick engraçada. E passou a arrear porrada. Estava eu deitado no sofá, com o jogo de todos os momentos parados no telemóvel, e dá uma sequência da Skye a derreter uma pandilha de gandulos, num laboratório pouco iluminado. Uma cena sequencial, com a câmara muito perto, com acção da boa.

Pousei o telemóvel e apenas estava focado na série, naquele episódio. A vozinha estava calada, provavelmente de boca aberta.

A partir daí comecei a apregoar a série a quem queria ouvir (quase ninguém) e a alguns que não queriam (quase todos). Tornei-me algo irritante. Mas as histórias só subiam de tom. Foi universos alternativos com a Hydra a mandar, futuros pós-apocalípticos, fim do mundo a cada virar de esquina. Tudo seguido. Tudo quase sem respirar.

Foi muito bom. Sempre que havia novo episódio tinha de ver. E quando soube que ia acabar, porque tudo o que está fora da supervisão de Feige tem de acabar ou voltar à casa mãe... Foi um momento triste.

Muito do que foi feito para TV foi uma porcaria. Quase tudo, em boa verdade. Mas Agents e Carter, as que saíram directas dos filmes, essas séries foram boas. Não sei como Agents sobreviveu. Carter não teve tanta sorte. Suponho que tenha sido apenas graças ao sucesso dos filmes. Mas ainda bem que sobreviveu, porque ajudou-me a começar a combater maus vícios e fez-me vibrar com uma série, algo que não acontecia há algum tempo, neste mundo de consumo exagerado em que vivemos.

Tuesday, August 11, 2020

despachada: The Newsroom


Volta e meia paramos para decidir que vamos ver a seguir. Eu tenho uma lista gigante de coisas que quero ver. Maior parte não são assim tão apelativas para o mundo em geral. E convém não ser sempre eu a escolher. E não sou, atenção! Fui acusado disso durante demasiado tempo, até que arregaçámos as mangas, contabilizámos quem tinha proposto o quê e, embora eu tenha mais propostas, a balança não está assim tão desiquilibrada.

Ganhei uma briga. Claro que vou falar dela na Internet, mesmo que só tenha um ou dois leitores.

Em vários destes momentos de ponderação, a minha senhora lá dizia «Não me importava de rever Newsroom, até porque não sei se vi tudo. Já viste?» Pfffff... Claro que já vi. Como é que pode haver série no mundo que não tenha visto? Que coisa tola de se pensar!

Confundi Newsroom com Sports Night. Em minha defesa, ambas são do Sorkin e sobre redações de noticiários de TV, embora em tempos e registos bastante diferentes. A minha argumentação não foi aceite. Foi mais uma das muitas brigas que perdi e perco regularmente.

Independentemente disto tudo, Newsroom é uma muito boa série televisiva, com excelentes personagens e um senhor elenco. Convém sempre ter muito presente que não deixa de ser completa e absoluta ficção. Não é bom as pessoas deixarem-se levar por este endeusamento dos jornalistas. A profissão, hoje em dia, está a milhões de anos luz do que é apresentado em Newsroom. Aliás, a série até bem que pode ser catalogada como «fantasia», juntamente com Game of Thrones ou Mandalorian.