Saturday, January 16, 2021
despachada: Boston Legal
Denny Crane
Essas são as duas palavras de ordem. A repetição dos nomes, em especial da estrela que não era a grande estrela do enredo (esse era Alan Shore), é a piada recorrente que agarrou e manteve maior parte dos fãs. Uma coisa tão simples como dizer um nome sempre que possível, mas o certo é que funciona. A coisa levava sempre a que estivessemos à espera que acontece, tendo aquela dose de endorfina a disparar quando acertávamos num momento de entrada. Denny Crane. E nem era só esse nome, sempre que se repetia o da empresa era um fartote, com cada personagem a dar-lhe o seu próprio toque pessoal. Mais ou menos irritado, mais ou menos sério.
O certo é que Crane, Poole & Schmidt era um sítio instável para se trabalhar. Na vida real, entenda-se. Na série era um sítio onde quase tudo era possível fazer, para os personagens principais. No nosso mundinho havia mudanças constantes de elenco, mesmo durante a própria temporada. Houve uma mudança quase completa da primeira para a segunda temporada, por exemplo. O elenco mudou sempre, de temporada para temporada, servindo um qualquer propósito de bastidores, mas nunca respeitando o conteúdo, em boa verdade. O mais ridículo é na última temporada, onde deixaram de tentar dar lugar a minorias, e todo o elenco são os que mais popularidade tinham (e menos tom de pele, qual coincidência).
Tirando esta parte, os processos legais eram absurdos. Havia casos a acontecer no próprio dia, só para ficar resolvido num episódio. Rigor inexistente em qualquer um deles, tudo em prol do drama. Pior, toda a gente naquele escritório (todos ricos e bem parecidos, atenção) era solteira, tirando os que acabam a andar uns com os outros, algo que durava apenas um par de episódios, só para dar aquele boost de audiências. E se se tornassem um casal, então lá saíam pela porta pequena, para dar lugar a alguém mais interessante (vulgo solteiro e bem parecido).
Denny Crane
Todos os processos eram ganhos não por apresentarem mais argumentos ou provas mas, maior parte das vezes, por fazerem discursos mais apaixonados que os outros. E, demasiadas vezes, falando de coisas maiores e inquestionavelmente erradas, só por terem uma relação, mesmo que marginal, com o crime. Qual era a cena do raio do salmão criado em quintas, afinal?
No fundo, é uma série tão realista como qualquer outra das de David E. Kelly (estou a olhar para ti, 90210). Tem é mais piada que as outras e faz um serviço notável de «quebrar a quarta parede». Dou-lhes todo o mérito nestes dois pontos. Ou seja, se procuram humor - em especial o politicamente incorrecto -, é um bom sítio. Se querem ver casos legais, vão para outras paragens.
Denny Crane
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