Wednesday, March 31, 2021

filme do mês: Março '21

Perdi do ritmo com que estava e, consequentemente, a média dum filme por dia. Não que fosse objectivo, mas sempre era qualquer coisa de «feito», este ano.

Há algumas justificações para o abrandamento. Acima de tudo há poucos filmes de qualidade por aí. Nos últimos tempos vi-me forçado a rever filmes antigos. Há limites para a quantidade de coisas que dá vontade de rever. E as novidades... Têm saído mais «filmes de Oscar» e menos «filmes divertidos». A vontade de ver coisas densas é cada vez menor. Uma outra justificação é que vi algumas boas séries. A balança pendeu mais para esse lado. E, por fim, o mês foi algo marcado pelo Snyder. Digamos que o Cut deixou algumas feridas abertas.

De qualquer modo, vi coisas engraçadas. Os clássicos Air Up There e V.I. Warshawski foram óptimos de rever. Moxie e Bad Trip foram divertidos. E não custou assim tanto rever o que precedeu ao raio do Cut. Como filme do mês escolho Boss Level, porque foi divertido e teve alguma animação (entenda-se «tiros»).



Venha daí Abril e melhores números (entenda-se «ovos de chocolate da Páscoa em barda»).

despachada: Cougar Town


Depois de despacharmos Scrubs, claro que tínhamos de avançar para a outra série do Bill Lawrence, recentemente disponibilizada no Star/Disney+. Vai ser mais complicado arranjar algo para ver a seguir, na mesma linha. A série seguinte do criador não foi grande sucesso. E a depois dessa e mais recente, essa sim com sucesso, está no AppleTV, serviço ao qual não temos acesso.

Cougar Town é mais tropelias e menos história que Scrubs. Imagino que tudo tenha começado quando Cox apareceu no Scrubs. A amizade e empatia entre Cox e a «actriz» melhor amiga em Cougar Town e mulher do criador na vida real, ter-se-á criado então. (Está entre aspas porque: 1. Não é como se tivesse muitos mais papéis que não nas séries do marido; 2. Convenhamos que faz sempre o mesmo papel.) A partir daí foi arranjar uma malta tonta para fazer tontices à beira praia. Não imagino que tenha sido difícil.

Posto isto, voltei a achar piada às mensagens no genérico inicial. E, embora tenha reparado mais, não fiquei por aí além incomodado com partes aparecerem apenas num ou outro episódio e rapidamente desaparecerem, apesar de serem «importantes». Alguns exemplos: truth guns, a filha do Grayson, o Andy ser ou não mayor. Eles até gozam com isso e, para mim, está tudo bem. Já a minha senhora...

Convenhamos que o processo criativo não terá sido fácil. Cougar Town teve uma existência algo aos tropeções, com constantes ameaças de cancelamento e a necessidade de terem de passar para outro canal, entre uma temporada e outra. Perder o actor que fazia de Bobby, na última temporada, também não terá ajudado.

No final ajudou que o grupo fosse unido e dedicado. Viessem os tropeções de onde viessem. A malta certa estava lá para continuar com os brindes.

Saturday, March 27, 2021

despachada: Superstore


São mais de 40 as séries que acompanho. Algumas sabe dEUS quando terão nova temporada mas, enquanto não forem oficialmente canceladas, estão na minha lista. Tenho tentado reduzir. Sei que vejo demasiada coisa. Alguma não vale a pena. Nos tempos que correm é difícil. Precisamente porque cada vez há menos estrutura. Aumenta o número de séries que passam quase dois anos (ou mais) sem episódios novos. Para colmatar, mais e mais novas séries são lançadas ao mundo, todas a lutarem pela sua quota de mercado. O Netflix então é um exagero. O objectivo é lançar temporada atrás de temporada de novidades. Cada vez menos interessa-lhes ter boas séries no canal. Querem é conteúdo novo. Todas as semanas. Não recrimino, atenção. A nossa capacidade de dedicação reduziu. Estamos ao nível do mosquito. É normal que a estratégia assim tenha evoluído.

Tudo isto para dizer que, mesmo com 40 e tal séries na lista, não tenho nada que possa verdadeiramente recomendar, se alguém perguntar. Durante uns anos tive You're the Worst e Superstore, como as «hidden gems» televisivas. Foram séries que não tiveram metade da atenção que deveriam ter tido. Porque, na minha mui modesta opinião, estão vários pontos acima da média. Superstore era inteligente, adaptou-se de forma genial a tudo o que ia aparecendo no mundo real (foi das poucas que vi abordar a pandemia, como uma coisa de dia a dia), tinha coração e muito, mas muito talento, num elenco que se complementava e preenchia cada espacinho livre, durante os episódios, com humor e alguma loucura. Não foi só um conjunto de episódios individuais, com riso em lata. Teve pormenores que duraram desde a primeira à última temporada.

Para mim Superstore foi especial porque terá sido das últimas - ou mesmo a última -, série que comecei a ver na televisão, semanalmente. Aconteceu por motivos não muito bons. E sim, foi um oásis que permitiu-me sorrir, numa altura em que a vontade de o fazer não foi muita. Depois da visualização semanal (que tortura), revi tudo de enfiada. E apanhei mais uns tantos detalhes geniais. O plano que houve para o tornado, por exemplo. Estava tudo previsto. Comentários que não ligávamos nenhuma, coisas soltas num ou outro episódio, tinham o culminar muito mais tarde. Genial!

A série teve um boost com o movimento Me Too. Porque Ferrera fez parte e, como tal, levou a que mais pessoas prestassem atenção ao que estava a fazer, à sua série. Não sei até que ponto foi bom. O canal ter-se-á habituado a outro tipo de números. Só que, como refiro acima, as pessoas têm a atenção duma criança. Os números eventualmente terão baixado. Não ajudou a que Ferrera saísse da série, para fazer... outras cenas (não faço ideia que anda a fazer). Regra geral quando um personagem principal sai é morte certa da série.

Foi o caso. Superstore teve direito a uma última temporada, para fechar pontas soltas e dar um ar da sua graça num período muito conturbado. Mais uma vez voltou a trazer sorrisos onde pouca vontade de os ter havia. Deixa um grande vazio. A verdade é essa. Para mim e para muita gente. Procurarei sempre recomendar, quando alguém precisar.

Thursday, March 18, 2021

despachada: Scrubs


O Star ficou disponível. Com este novo lado do Disney+ veio o Scrubs. É! Não ia rever. Claro!

A série sobreviveria, quase sem ataques, nesta altura tão PC em que vivemos. A sério, hoje em dia tenho suores frios sempre que começo a ver uma série que não seja de anos recentes, à espera daquele comentário ou cena infeliz que provoca arrepios na espinha e noutros espaços corporais.

Com Scrubs estava relativamente sossegado, confesso. Tinha uma impressão de ser uma coisa simpática para toda a gente, genericamente. O que acabou por surpreender foi:
1. O quanto o JD e a Elliott são horríveis. A sério, o JD disse constantemente coisas ofensivas e parvas, tudo porque é inseguro e egoísta. Regra geral sem grandes consequências.
2. Vê-los a acabar juntos, depois de serem tão estúpidos um com o outro, tantas e tantas vezes, foi demasiado frustrante. Até porque há um momento em que JD acaba a relação precisamente porque sente que não será feliz com Elliot. Tudo muda perto do final da série, porque dá jeito ter um «final feliz». Foi algo gratuito.

Mas mesmo com estes «defeitos», Scrubs vê-se muito bem. Na altura cheguei a ler algures que era a série com menos erros médicos, o que surpreende ainda mais por ser uma comécia. É divertida, bem disposta, inteligente, está cheia de personagens secundários geniais e tem um final de 8.ª temporada incrível. É o final de série perfeito. Fez-me chorar da primeira vez e, mesmo desta feita, fiquei emocionado. Não terei sido o único. Depois veio a ganância do canal, que deu-nos a 9.ª temporada. Yeeey! Tivemos que levar com uma dúzia de episódios desinteressantes e uma fornada de interns que não merecia lavar os scrubs de qualquer uma das turmas anteriores.

A 9.ª é a mancha no pano. Recomendarei a qualquer pessoa, que queira ouvir a minha opinião, para ver apenas as oito temporadas. Nunca vai acontecer. Mas se acontecesse, recomendaria a série com todo o fervor, mesmo assim.

Saturday, March 6, 2021

despachada: Travelers


Fizeram um início de temporada com um episódio a passar-se no 11 de Setembro. Nas Twin Towers. Alguém estava lá dentro, sabia o que ia acontecer. Fez a sua missão e meteu-se na alheta. Houve outro episódio com a premissa de «matar o bebé Hitler». Não literalmente o Hitler. Alguém que ia tornar-se numa má pessoa. E tiveram ainda um episódio sobre uma espécie de COVID e eu só pensava «O gajo não usa a máscara. Então mas esta gente é estúpida ou quê?»

Isto tudo entre 2016 e 2018. Nalguns casos a serem «apenas» arrojados. Noutros a preverem um pouco o futuro. O que tem piada só por si, ou não fosse esta uma série sobre viagens no tempo.

Não prestei atenção aos primeiros episódios. Estava no meu modo automático de meter mais uma série a dar e «ver» enquanto faço outras coisas. Foi um erro. Porque não dá para ver esta série assim. Tem de se prestar atenção. Há muito a acontecer, logo desde o início. É fácil perder o fio à meada. E se é uma boa meada.

A verdade é que esqueci-me porque tinha esta série nas minhas listas. É dum dos criadores de SG-1 et al. E alguns dos nomes e caras comuns a esse grande franchise até aparecem em Travelers. Devia ter visto quando saiu. Essa é a realidade. Vi agora e, mais uma vez, o meu coração está em pedaços porque voltaram a cancelar uma série do sr. Wright.

O Netflix voltou a fazer das suas. Sim, deu mais uma temporada aos criadores, para que pudessem terminar a história. Cancelou mais uma série na sua terceira temporada. Porque são os números que lhes interessa ter. Porque fica demasiado caro produzir mais temporadas depois da terceira.

Se ao menos houvesse alguém no futuro que viajasse para trás no tempo, para poder corrigir estes erros de cancelamentos estúpidos. Hey, se deu para aprender alguma coisa com Travelers é que a humanidade não tem qualquer possibilidade de salvar-se. Não temos futuro, tendo em conta que o continuamos a destruir com a nossa ganância e falta de interesse em algo que não seja gratificação imediata. Se assim é, ao menos que estejamos entretidos enquanto caminhamos para um futuro muito negro.

Estou a brincar. Claro que não aprendi nada disto com Travelers. Estou farto de saber que não há esperança nenhuma para a humanidade.

Friday, March 5, 2021

despachada: WandaVision


DISCLAIMER: Neste texto existirão alguns detalhes que poderão ser considerados spoilers.

É verdade. Aqui em casa vimos assim que saiu o último episódio no Disney+. Foi igual nas últimas semanas. Vejos poucas alternativas melhores a um bom começo de dia.

Não há qualquer informação na Net que não vá existir uma segunda temporada. Assim como não há qualquer informação que haverá continuidade para esta primeira série da Marvel Studios / Disney+. Sim, eu sei que houve outras séries da Marvel, mas nenhuma «debaixo do mesmo chapéu» dos filmes.

Parece-me que a Marvel também não sabe se há ou não temporada 2. É como tem sido até agora. Vai ao sabor do vento, com objectivos específicos para se irem alcançando, mas testando coisas pelo caminho. O princípio de «OK, eventualmente temos de fazer uma batalha com o Thanos, mas pelo meio vamos introduzindo personagens e logo vemos se aparecem no final».

Claro que se houver uma demanda estúpida por mais temporadas de momentos amorosos e românticos (e esquisitos) entre Wanda e Vision, a Marvel Studios acederá. Nesse caso provavelmente chamar-se-á outra coisa pois, convenhamos, a história que contaram agora é bastante fechada. Há ramificações e coisas por tratar, sim, mas há muitos filmes e outras séries previstas onde esses assuntos serão tratados.

Sobre WandaVision, a série que, para mim, é um mini filme, uma storyarc «fechada» (ou uma mini-série, porque não?), é um projecto incrível, cheio de atenção ao detalhe e conhecimento do material de origem. Para mais, o formato série permitiu que se fosse revelando a informação, mas também deixando espaço e tempo para as pessoas especularem sobre o que se passava e o que viria a passar-se. O mundo acabou por levar esta liberdade ao extremo e inventou demasiadas teorias. Também isso deu piada à experiência.

Nos últimos dias, antes do último episódio sair - e graças a tanta teoria e expectativa que se gerou -, o criador fez questão de vir pôr água na fervura, procurando não defraudar essas mesmas expectativas. Porque as pessoas teorizaram que ia aparecer o Mephisto, o Reed Richards, que os mutantes iam «nascer» desta história, que Kang, Doom e outros poderiam aparecer. Tudo cheio de pressa para que tudo aconteça já.

Pessoal, o plano é manter-nos agarrados (entenda-se «que estejam sempre a sacar-nos dinheiro») até morrermos. Vão prolongar a história sempre que possível. Isto é BD. A narrativa nunca acaba.

WandaVision is dead.
Long live
The Falcon and the Winter Soldier.

PS - Naturalmente que, se estiver errado (altamente possível), continuarei a ver e voltarei a falar da série aqui. Com gosto.
PPS - Melhor frase dos últimos tempos, dito por uma personagem/actriz maravilhosa: «They recast Pietro?!»

Monday, March 1, 2021

despachada: Mrs. America


Quarenta e tal anos passaram-se desde o início da narrativa apresentada nesta mini-série. Não foi o início do movimento pela igualdade de direitos entre géneros. Terá sido sim um auge político de «influência feminina» no governo norte-americano. Terá sido um momento em que o movimento teve um avanço maior e houve um salto qualitativo nas vozes, de parte a parte. Mulheres geniais a apoiar o ERA e contra o ERA. Porque podemos discordar da opinião (e discordo, atenção) mas pelo que pude ver nesta ficção, a mulher, a «líder contra» e as que estavam com ela, eram mulheres muito inteligentes. Vê-se na forma como batalharam pelas suas convicções, por muito que não fossem convicções muito correctas.

Passaram-se mais de 40 anos, com muitas mais mulheres inteligentes a lutar. E, pelos vistos, pelas américas ainda há dúvidas que têm todos os direitos e deveres iguais aos dos homens.

Confere. É uma realidade algo desoladora. Vale que a série é bastante agradável de se ver. Há isso.