Lembro-me que em Portugal, especialmente na cidade onde vivia, o Verão era um marasmo em termos de filmes. O cinema fechava. O video-clube não recebia nada novo. Fazia sentido. Não havia ninguém na cidade. Tinha tudo escapulido para qualquer uma das praias.
As coisas estão muito diferentes. Não só porque falo duma realidade com 30 anos, mas porque o COVID veio baralhar muito as contas. Eu lembro-me perfeitamente de querer ver filmes no Verão. Nos tempos mortos. Quando está demasiado calor para fazer o que seja. Quando estamos na cama e não dá para dormir ainda, tamanha é a excitação de estar de férias ou, novamente, o calor. Quem me dera, enquanto miúdo, ter um telemóvel com um serviço de streaming. Teria mamado filmes como se não houvesse amanhã. Claro está que, para isso, também é preciso saírem filmes nesses tais respectivos serviços de streaming. E eu sinto que não há grande coisa a sair. Porquê?
Bem, chega de choraminguices. Vi poucos filmes. O número total não é mau, mas convém ter presente que revi filmes MCU em preparação para o novo Thor, e foram ainda quatro Twilights. Só aqui estão oito filmes, num total de 21. De resto vi uns quantos pequenos, que são as únicas coisas a sair. «Independentes», suponho que lhes possamos chamar. Logo, não há grande coisa a destacar. Quer dizer, com amigos, para o gozo, os Twilight são óptimos, mas é apenas para essa situação específica.
Bem, este mês destaco Hello, Goodbye and Everything In Between, Gatlopp, e Ali & Ava. O destaque maior vai para Cha Cha Real Smooth, que apresentou-me um realizador novo, definitivamente para seguir.
Sunday, July 31, 2022
despachada: Friday Night Lights
- Mr. Street, do you think God loves football?
- Everybody loves football.
Isto é que foi um despachanço à séria. A série tem alguns anos. Estou para a ver desde que saiu. Mas quando comecei, foi d'enfiada. Acho que em menos duma semana. Cinco temporadas. 76 episódios de 40 minutos. 50.000 vezes que ouvi «Tim Riggins». Algumas só «Tim» e outras só «Riggins». Embora umas poucas destas fossem para o irmão. Mas quase sempre «Tim Riggins». Como se impõe, tendo em conta.
Muito há para explanar sobre FNL. Não vou falar de tudo, mas admito que foi uma série que deu-me gozo ver e embaçar. Eu que tenho andado constantemente a dizer que binging não é uma boa forma de ver uma série, com FNL binging foi a forma perfeita. Agora, se é ou não uma boa série. Eu diria que não. É uma série muito, mas muito «estado-unidense». Basta ver o diálogo acima, tido durante uma visita a uma escola, por parte da equipa de futebol do secundário(!), entre um miúdo pequeno e a estrela da equipa, o quarterback (claro!). A pergunta foi feita mesmo antes de começarem uma oração em conjunto. Depois disso há os tradicionais episódios, que resolvem em 40 minutos os problemas de: racismo; violência no seio familiar; bullying; drive by shootings; pro choice / pro life; vício de drogas; etc. Tudo na tradicional maneira de tornar a série relevante, aos olhos do espectador.
Não se fala em alcoolismo, atenção. E não vemos drogas pesadas de forma flagrante. Há uma mãe drogada, que fica bem com uma ida a um centro de reabilitação, entre episódios. E apenas um adolescente «viciado» em erva, mas que o fazia noutro estado. Para além de que nunca vemos casos sérios de violência doméstica. Ou tiroteios em lado algum, apesar de vários adolescentes terem acesso a armas. E sim, a coisa é muito mais virada para pro life do que a outra opção. Porque não vemos nada disto? Porque não são assuntos abordados na série? Porque isto é Texas! E no Texas não há nada desses problemas que os estados liberais têm. No Texas toda a gente bebe, mas ninguém é viciado ou tem problemas com o álcool. Ninguém bate na mulher quando a equipa perde. Não há acidentes de carro. Não há tiroteios nas escolas. E não há nunca miúdos a fumar ganzas. Tudo muito másculo, sério, familiar e wholesome.
Texas, y'all!
Sobre o «futebol» em si, o assunto cedo deixa de ser relevante. Na primeira temporada quase que há um jogo por episódio, com todas as preocupações e problemas que daí advêm. Mas depois disso é muito mais o drama individual e colectivo à volta do futebol. E quanto mais avançamos nas temporadas, mais «à volta» se tornam. Convenhamos que, apesar de todo o alarido que esta gente faz sobre o desporto, são apenas dez jogos por época, mais a possibilidade de três ou quatro com os playoffs. Em cerca de cinco meses, entre Agosto e Dezembro. É ridículo. E este foi o meu primeiro pensamento, que é um problema enorme nos EUA, muito discutido por lá. As escolas públicas têm dificuldades gigantes de orçamento, mas aqui temos um programa desportivo com staffs e equipas numerosas, que trabalha apenas metade do ano lectivo, para muitos poucos jogos. De onde vem o dinheiro para uma coisa destas? É absurdo pensar nisto sequer.
Não vos maço mais com esta série. Que não é para todos. E que simplemente não recomendo, a não ser que se procure um guilty pleasure. Termino falando sobre o elenco. Muita gente aqui tornou-se bem conhecido e tem óptimas carreiras, hoje em dia. Fico particulamente contente que o meu «pedido», ao ver o filme que deu origem a esta série, foi satisfeito, e a personagem da Connie Britton teve aqui o destaque e relevância que a actriz merecia. Há apenas um problema sobre o elenco, uma embirrância, que é comum a muitos outros filmes e séries que passam-se em liceus: havia algum actor que fosse efectivamente adolescente durante as filmagens desta série?
Clear eyes, full hearts...
Thursday, July 21, 2022
despachada: Boo, Bitch
Para quando um projecto em que não és uma adolescente no liceu, Lana?
Isto é injusto. A moça já fez algumas outras coisas. Não muitas, mas algumas coisitas. Claro que não se deve morder a mão que dá de comer. Começou como estudante na escola mais conhecida de todo o universo Marvel. Tornou-se famosa com um conjunto de filmes (que nunca se vai perceber como tornaram-se uma trilogia) sobre amores e desamores de secundário. Passou ainda por outro liceu de super-heróis e aqui está num com coisas paranormais. Dou-lhe crédito que procurou sempre algo mais, para além dos problemas comuns de adolescência. Confesso que tenho pena do seu primeiro papel não ter desenvolvido mais. Ela era perfeita como Jubilee. Poderão sempre fazer um filme com ela mais velha, ao estilo Logan. Ora aqui está uma ideia vencedora.
Acho piada a Lana Condor. Acho-a divertida. Mesmo quando é séria, o que não aconteceu muitas vezes, é verdade. Acho que tem talento e pode ir longe. Não sei até que ponto Boo, Bitch é um passo em qualquer direcção, numa carreira de actriz. Não foi mau de se ver. A verdade é essa. Às tantas irrita um bocadinho o quão «norte-americano adolescente» toda a história é, mas o mistério principal foi interessante. Mesmo quando achava que sabia o que se estava a passar, mesmo assim conseguiram acrescentar bem alguns detalhes a manter a confusão. Até ao fim estive agarrado, para tentar perceber como é que a moça tinha morrido, mas mesmo assim continuava a andar por aí, a urinar demasiadas vezes para um cadáver.
São oito episódios curtos duma mini-série fechada, com talento e alguma boa história. Não custa nada ver.
Wednesday, July 13, 2022
despachada: Ms. Marvel
Ms. Marvel foi tudo aquilo que estava à espera. É bom sinal. Não conheço tudo da BD. Li o início e fui um pouco mais depois disso. Não continuei porque não é escrito para mim. O público alvo é mais novo que eu. Sem problemas. Sem complexos. Não me sinto velho. Não é sinal algum de falta de qualidade. Antes pelo contrário. Ms. Marvel, a BD, tem muito mais qualidade do que as que li em miúdo, das que eram susposto ser para a minha idade. Há coisas que são feitas para públicos específicos. E também não quer dizer que não consiga disfrutar agora. Continua a ter detalhes bem divertidos, mesmo para um velhote como eu.
O mesmo para a série. Foi divertido de se ver. Especialmente a primeira metade. Foi tudo muito bem pensado e cheio de pormenores deliciosos, que até obrigam a segunda ou terceira visualização. A segunda metade não foi tão bem conseguida. O final é apressado e algo aos tropeções. Dou e deve ser dado o desconto. Tiveram bastantes problemas de produção à custa de COVID. Depois haverá ainda algumas coisas que não funcionam na máquina Marvel/Disney+, na produção das séries, mas quero acreditar que são problemas de crescimento abrupto. Reforço: ninguém estava à espera que as séries tivessem a evolução que tiveram. Foi circunstancial e porque o negócio às vezes evolui para onde menos se espera. Tudo normal e espero que rectifiquem num futuro próximo.
Voltando à série, independentemente do final, a personagem é óptima e será bom vê-la nos próximos «episódios». A acção foi porreira. Incluíram uma data de coisas culturais que foram fixes de aprender. Os Belgas a cargo da coisa estiveram muito bem, pelo que até tenho um pouco de orgulho nacional adoptado extra à mistura. A acção foi interessante, com óptimos efeitos. Tiveram um pormenor «chocante» no final final, que não sei se posso referir ou não. Já o vi em todo o lado. Aliás, soube na net antes de ver o episódio, em boa verdade. Mas vá, fica para descobrir a quem quiser aventurar-se.
Agora... A próxima cena Marvel é só... Em meados de Agosto! NÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃOOOOOOOOOOOOOO!!!
Friday, July 8, 2022
despachada: Pistol
Se me dissessem que ia ver uma série da história dos Sex Pistols, acharia mentira. Acontece que Pistol tem um par de actores interessantes e, acima de tudo, é realizado por Danny Boyle. E aqui está o factor diferenciador.
Sim, continua a ser uma fórmula batida de biografias, especialmente sobre músicos/bandas. Tem todos os problemas de drogas e violência, chavões do género. Para além da típica história de amor que não leva a lado nenhum, porque um (ou ambos) têm os seus próprios problemas e não conseguem comprometer-se a uma relação monógama. Parvoíce, bem sei. É mais uma história do Ícaro, com os artistas a serem magníficos e chegarem perto do Sol, apenas para queimarem-se e virem por aí abaixo bater com o focinho na Terra.
Mas está bem realizado.
Há pormenores de realização que dão o kick necessário à história, para manter-nos interessados. O elenco é, efectivamente, bom. E depois a história destes palermas não é desprovida de interesse. Para além de que sim, são uma das maiores - senão a maior - referência dentro do género punk. Quem nunca andou aos «moches» ao som de Anarchy in the U.K.?
Wednesday, July 6, 2022
despachada: Me and Mrs Jones
Eu avisei que ia ver mais séries com esta moça. Só que, desta feita serei polémico.
Se se percebe porque a trintona poderá ter interesse num rapaz charmoso e interessante, não há grande justificação para o rapaz apaixonar-se por ela. Para além de ser uma mulher atraente. Faça-se notar que tenho plena consciência que nunca foi preciso muito mais, para personagens de ficção apaixonarem-se. E o mesmo passa-se demasiado na vida real. Mesmo assim. Uma coisa é atracção física ou o interesse duma relação supostamente mal vista pela sociedade. O proibido é sempre mais apelativo. Contudo, para haver amor é preciso algo mais. Ela é doce e querida, genericamente. Parece ser boa pessoa. Ele também o é, tem boa ligação com as filhas dela (para além de ser o melhor amigo do filho dela), é bom falante e talentoso. Dá para ver o desiquilíbrio, certo? Para além de que não têm nada em comum, salvo a forte ligação ao filho.
Me and Mrs Jones terá sido cancelado. Apenas tem uma temporada, de seis episódios, e acaba num cliffhanger. Percebe-se. Por muito que pareça uma coisa super divertida nesta imagem acima, não era uma série muito cómica. Divertida qb, sim, mas nada de risadas. Se vi tão rapidamente é porque: 1) é curta; 2) coincidiu ter um tipo bem fixe do Umbrella Academy, série cuja última temporada acabei de ver há pouco.
Tuesday, July 5, 2022
despachada: The Flash
Não, não foi cancelada. Não, não terminou ainda. Foi renovada e não tem fim à vista. Eu é que não consigo ver mais. Esta última temporada de Flash foi um sofrimento. O último episódio saiu há quase uma semana e forcei-me a vê-lo. Como todos os outros episódios, aliás. Está mau demais. Estragaram tudo.
O Arrowverse foi um grande projecto. Teve momentos óptimos. Eu cheguei a ter anos em que guardava tudo, todas as quatro séries, todos os episódios, e via de enfiada. Mais de 90 episódios vistos num par de semanas. Algumas vezes em menos tempo. E era bom. Fazia estes embaços com gosto. Tudo fazia sentido (dentro do género) e em momentos estavam todas ligadas. Acima de tudo, era possível seguir as story arcs, fossem da temporada ou de parte desta. Hoje em dia...
Eu percebo, foi demasiado tempo. Não havia mais para contar sem destruir o status quo. Houve conflito até haver harmonia. Agora é complicado fazer mais. E foi a ganância. Foi continuar com o que funcionava, com o que dá dinheiro. Só que o resultado final foi só triste. Foi sair dum bom projecto tornando-o péssimo. Há ainda factores externos a complicar. A CW está em venda, por isso ninguém quer investir recursos numa coisa que não terá muito mais para dar. Como tal terão maus argumentistas, imagino. Ainda hoje vi na net uma tipa a dizer que foi escritora dum episódio de Flash, sobre a speed force, mas que, até hoje, não tinha ideia do que era a speed force. É exemplificativo da parvoíce que tornou-se esta série.
Começou como algo divertido, emocionante, com personagens porreiros e um feel mais de banda desenhada do que é normal nestas séries. Acabou como uma idiotice sem qualquer originalidade, a repescar os mesmos vilões ou personagens do passado, sem piada alguma, sem consequências de maior. Personagens «morriam» só para voltar no mesmo episódio. Todos os personagens passavam de bons para maus da fita, e vice versa, sem qualquer justificação para tal. Não se sabe quem são os vilões, os heróis, ou qual o objectivos de qualquer um deles. Acontecem «coisas». Que coisas? Ninguém sabe. Não tinha nada. Rigorosamente nada.
É horrível terminar assim. A relação de muitos anos com um universo que deu-me muito, mas que deixou um travo tão amargo na boca. Em certo momento o Arrowverse foi um exemplo de como fazer boas adaptações televisivas de histórias de banda desenhada. Acabou por ser um exemplo de tudo o que não deve ser feito. E tenho pena que assim seja.
Obrigado mas adeus, que já vais tarde.
Friday, July 1, 2022
despachada: Marley's Ghosts
Em miúdo tive uma pequena panca pela Sarah Alexander. Tudo por causa do Coupling. Como não ter? A moça é bonita e engraçada, sendo ligeiramente mais velha que a minha pessoa. E não sei se já referi o Coupling, uma das minhas séries britânicas preferidas. Anos mais tarde vi-a ainda em duas outras boas séries: Green Wing e Smack the Pony. A última de sketches, com alguns que, só de pensar neles, ainda fazem-me rir.
Bons velhos tempos da SIC Radical...
Bem que a moça tentou dar o salto para Hollywood, mas não conseguiu. Eu deixei de ver tanta Bricom e afins (erro crasso, que tenho procurado corrigir nos últimos tempos), pelo que perdi-lhe um pouco o rasto. Há uns tempos lembrei-me dela, já não sei porquê, e IMDbei-a. Descobri este Marley's Ghosts, que tinha ainda o tipo fixe do Quatro Casamentos e um Funeral e do Sliding Doors.
Não sendo brilhante (está longe de ser o melhor trabalho de Alexander), tem algumas coisas engraçadas. Claramente não sabiam qual a direcção da série já que a primeira temporada tem apenas três episódios - sendo o último o melhor de toda a série e está uns bons níveis acima dos restantes, já agora - e no início da segunda temporada a personagem está a mudar-se para uma casa nova (em nada diferente da anterior), para além de ter uma irmã e uma sobrinha, não antes referidas.
Valeu para matar saudades da moça. E isto não fica por aqui, pois no futuro conto investir mais um pouco de tempo noutros projectos seus.
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